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Sêneca

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

CPMI está na Paraíba para atuar no caso de estupro coletivo Comissão vai ouvir testemunhas, vítimas, juíza, promotor e delegada. Sentença de 6 dos 10 envolvidos pode ser dada ainda esta semana.

Na quarta-feira (12) fez sete meses do caso de estupro coletivo de Queimadas, Agreste paraibano, em que cinco mulheres foram estupradas e duas delas mortas. Nesta quinta-feira (13), uma Comissão de Inquéritos formada por parlamentares está na cidade para estudar o caso e traçar políticas de proteção à mulher no país e de acordo com o Fórum de Queimadas, a sentença de seis dos dez suspeitos de envolvimento no crime pode sair ainda esta semana. Enquanto a decisão não sai a família das vítimas sofre à espera de justiça.


A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Congresso Nacional que está em Queimadas investiga a situação da violência contra a mulher no Brasil e apura denúncias de omissão por parte do poder público com relação ao problema. Os integrantes da CPMI se reúnem no Fórum para ouvir, das 9h30 às 12 horas, testemunhas e vítimas do crime. Também serão realizadas, das 14 às 16h30, oitivas com a juíza Flávia Baptista Rocha, com o promotor Márcio Teixeira, representante do Ministério Público do Estado da Paraíba, e com a delegada titular de Homicídios de Campina Grande, que investigou o caso, Cassandra Maria Duarte.

A dona de casa Maria de Fátima era mãe de uma das vítimas, a professora Isabela Pajuçara. Ela disse que luta para superar a dor. "Eu me sinto com muita dor. É como se fosse hoje que tudo aconteceu. Eu fico me perguntando por que eles fizeram essa maldade se ela era uma pessoa tão boa. Eu e meu marido educamos nossas filhas para ser gente de bem", disse.

A outra vítima é a recepcionista Michele Domingos e a mãe dela, Maria José Domingos, disse que tudo mudou na vida da família após o crime. "Eu não tenho mais vontade para nada, de comprar nada para minha casa, de sair. Coisa material para mim não tem valor nenhum mais. Mudou tudo, completamente. Meu marido ainda também está muito abalado. Inclusive, ele trabalha no mesmo setor que ela trabalhava. Às vezes eu o vejo chorando de noite, se lastimando, como aconteceu uma coisa daquelas com Michele porque era algo que a gente não esperava", disse.

Se o tempo cura tudo, talvez os sete meses não tenham sido o suficiente para curar o vazio que as mães têm no peito com a perda. Elas ainda guardam lembranças das filhas como forma de manter a presença delas, sejam em fotos, livros ou roupas. "Esse livro aqui ela não chegou nem a ler, eu li todo. Essa aqui é uma cadernetinha que ela tinha com as contas anotadas. Eu não consigo nem mexer mais nesses livros, nos CDs dela que estão guardados. Eu não consigo escutar mais uma música, pois as músicas que eu gosto são as mesmas que ela gostava", disse a mãe de Michele.

Mesmo depois de todo esse tempo, Maria de Fátima ainda não conseguiu voltar para a casa onde morava com a filha Izabella e que fica a menos de 50 metros do local em que a filha sofreu o ataque. "Estou na casa do meu genro, não fui em casa ainda e eu não sei como vai ser a minha vida daqui para frente. Eu peço força a Deus e peço justiça. Foi um pedaço de mim que se foi", disse.

De acordo com a juíza Flávia Baptista Rocha, responsável por julgar os acusados, um advogado renunciou a defesa de dois acusados e elaboração das alegações finais da defesa atrasou, o que acabou adiando o pronunciamento da sentença. Quanto à presença da CPMI na cidade, ela disse que o objetivo dos parlamentares não é interferir na sentença. "Não será exercida coercitividade nenhuma na minha decisão. É apenas um estudo sobre violência contra a mulher", garantiu. Na manhã desta quinta-feira também será realizada uma mobilização em frente à igreja católica da cidade como moradores protestando por justiça a partir das 9h.

G1/Imagem de Internet

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