O empresário Abilio Diniz passou ontem oficialmente o controle da
rede Pão da Açúcar, fundada há mais de 60 anos por seu pai, Valentim
dos Santos Diniz, para o grupo francês Casino. Ontem à tarde, na
assembleia que reuniu acionistas do grupo, Abilio se emocionou. Ainda
na condição de presidente do conselho de administração da rede - cargo
que ele continuará ocupando - fez questão de afirmar que vai defender o
grupo "de forma intransigente".
"Muitas pessoas que trabalham
comigo vão achar estranho a leitura de um pronunciamento, mas não quero
ser traído pela emoção, por isso, preferi eu mesmo escrever um
pensamento", disse. "Sou forte, Deus tem me protegido, estou pronto
para seguir em frente. Não sei como ainda, mas estou pronto", afirmou.
"Estou aqui para provar que contratos devem ser cumpridos, como meu pai
sempre disse: combinou, cumpra. Estou sentido, mas aqui não é o momento
para desabafos."
A passagem do controle do grupo para o Casino
ocorreu numa outra reunião, pela manhã. O presidente do Casino,
Jean-Charles Naouri, assumiu a presidência do conselho de administração
da Wilkes, a holding que controla o Pão de Açúcar.
À tarde, na
assembleia de acionistas do grupo, três nomes indicados pelo Casino
foram eleitos para o conselho. Com isso, os franceses passaram a ter
oito conselheiros, em vez de cinco. Abilio, que tinha o mesmo número de
cadeiras, passou a deter três. Além disso, há quatro conselheiros
independentes. A repórter da Agência Estado participou da assembleia,
após comprar três ações do Pão de Açúcar.
Em nota, Naouri
declarou estar "muito feliz e orgulhoso" pelo novo papel que a rede
francesa terá na companhia. O empresário afirmou que manterá a
identidade da empresa e sua cultura brasileira, além do apoio à
diretoria do grupo, liderada por Enéas Pestana. "O objetivo é reforçar
a posição de liderança do GPA (Grupo Pão de Açúcar)", disse.
O
acordo que permitiu ao Casino assumir o controle do Pão de Açúcar foi
fechado em 2005, quando o grupo francês, que já era sócio de Abilio,
fez um novo aporte de US$ 900 milhões. Criou-se então uma holding, a
Wilkes, controlada igualmente por Abilio e pelo Casino, mas o acordo já
previa que, este ano, a rede francesa teria o direito de assumir o
controle.
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