Dos pedidos que a CPI do Cachoeira já aprovou, o
material mais aguardado é o relatório da quebra de sigilos das empresas
que receberam dinheiro de contas movimentadas pela Delta Construções,
por meio de seu ex-diretor para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu, ou do
ex-diretor para a região Sudeste, Heraldo Puccini. Dali, os técnicos da
comissão esperam extrair as informações que podem "esquentar" a CPI,
até agora alimentada pelo combustível de arroubos temperamentais de
seus integrantes.
- Existem muitos entraves políticos e de procedimento para quebrar
sigilos. Na CPI dos Correios, por exemplo, acho que nunca quebramos o
sigilo bancário do José Dirceu. Nossa experiência aponta que o caminho
é a imersão total sobre todos os documentos, com o apoio de gente
especializada. Só depois devemos ouvir as pessoas - avalia o deputado
Osmar Serraglio (PMDB-PR), que relatou a CPI dos Correios, em 2005,
cujo relatório final subsidiou a denúncia do mensalão, oferecida em
2006 pela Procuradoria Geral da República (PGR) ao STF.
Oposição quer rastrear depósitos e aditivos
Para os governistas, liderados pelo relator Odair Cunha (PT-MG) e
pelo vice-presidente da CPI Paulo Teixeira (PT-SP), o alvo é o
governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB). Para atacá-lo, aguardam a
quebra do sigilo das empresas de fachada e a resposta da Polícia
Federal ao requerimento de Teixeira que pede transcrição de todas as
gravações de conversas fortuitas - não utilizadas no relatório da
investigação - envolvendo pessoas com foro privilegiado.
- Não estou atrás de Gilmar Mendes, como andam dizendo. Tem muita
gente para verificar nessas gravações. O governador Marconi... Alguns
deputados... O governador Marconi - repetia um petista, após reunião
demorada em um gabinete do PMDB para tratar dos rumos da investigação.
Na outra ponta, a oposição quer rastrear os depósitos de Cláudio
Abreu e de Heraldo Puccini e confrontá-los com as datas de celebração
de termos aditivos em contratos firmados pela Delta com o governo
federal e com o governo do Rio de Janeiro. Também aguardam, ansiosos, a
cópia dos autos da operação Saint-Michel, da Polícia Civil de Brasília,
focada na ação de Abreu sobre o governo Agnelo Queiroz.
- É difícil tirar a CPI da inércia. Ainda mais uma CPI tão chapa
branca quanto essa. Agora, começaremos a ver como a Delta se comportava
no Rio, no Maranhão, em Tocantins. Vamos ver se esse esquema ficava
mesmo só restrito ao Centro-Oeste - desafia o deputado Onix Lorenzoni
(DEM-RS).
Yahoonoticias
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