Criada em janeiro como uma opção barata para a compra
de material de construção a linha de crédito com recursos do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) enfrenta dificuldades para sair do
papel. Por causa das condições impostas pelo Conselho Curador do FGTS,
que define como será aplicado o dinheiro do fundo, os R$ 300 milhões
disponíveis para a linha nem começaram a ser emprestados.
Responsável
por operar os recursos do FGTS, a Caixa informou que, apesar de as
normas e as condições dos empréstimos terem sido regulamentadas, o
banco ainda não oferece empréstimos para a compra de material de
construção. Por enquanto, nem há previsão para a linha de crédito
entrar em vigor.
Nesta semana, o vice-presidente de Governo e Habitação
da Caixa Econômica Federal, Jorge Urbano Duarte, reconheceu o problema.
Segundo ele, o banco está trabalhando para a liberação do crédito, mas
a solução não depende da instituição financeira. “Fizemos o pedido ao
Conselho Curador [do FGTS] para simplificar a concessão do crédito, mas
ainda será preciso esperar a próxima reunião [do conselho] para saber
se haverá avanços”, declarou.
Duarte, no entanto, destacou que o Cartão Construcard, linha própria da Caixa para a reforma e ampliação de imóveis residenciais, tem um desempenho satisfatório em 2012. “O Construcard
está indo muito bem neste ano”, declarou o vice-presidente do banco,
que não informou valores. No ano passado, o Construcard emprestou R$
4,8 bilhões, o que fez o saldo da carteira da linha de crédito crescer
24% em 2011.
A linha com recursos do FGTS, no entanto,
oferece juros mais baixos e prazos maiores que o Construcard. A linha
própria da Caixa oferece juros de 1,96% a 2,35% ao mês e prazo de
pagamento de cinco anos (60 meses). Pode ser liberado qualquer valor,
dependendo da faixa de renda do tomador.
Limitados a R$ 20
mil, os empréstimos da linha com recursos do FGTS poderão ser pagos em
até dez anos (120 meses), com juros de 12% ao ano (ou 0,9% ao mês).
Para ter acesso à nova linha, basta estar inscrito no FGTS. O
trabalhador, no entanto, não poderá usar o saldo da conta do FGTS para
pagar o financiamento. Apenas o orçamento da linha de crédito, que totaliza R$ 300 milhões, mas pode chegar a R$ 1 bilhão, vem do Fundo de Garantia.
Ao
aprovar essas regras, em janeiro, o Conselho Curador do FGTS, no
entanto, impôs uma série de condições para a liberação do dinheiro. A
reforma deve ter projeto assinado por um arquiteto, e o imóvel precisa
estar regularizado, com todas as licenças em dia. Em declaração
recente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou elevadas as
exigências.
“A linha tem muitas condicionalidades que dificultam
a liberação do empréstimo. Já mandei estudar uma linha muito mais
simples para que mais crédito possa ser concedido. A linha é boa, porém
ainda não temos como liberar”, disse o ministro.
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