Procuradores do Ministério Público de Goiás e do Distrito Federal se
debruçaram nesta quinta-feira sobre o processo que corre na Justiça
Federal de Goiás contra o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, para estudar a melhor forma de reverter a decisão judicial
que suspendeu audiências relativas ao processo, que ocorreriam hoje e
amanhã. O grupo, entretanto, não decidiu que estratégia irá adotar.
Os depoimentos de 14 testemunhas e oito réus, entre eles Cachoeira,
foram suspensos por decisão liminar do desembargador Fernando Tourinho
Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). Concedida na
quarta-feira à noite, a liminar atendeu ao pedido dos advogados do
bicheiro, que alegaram cerceamento de defesa.
Para o procurador Carlos Alberto Vilhena, recorrer ao TRF1 contra a
decisão do desembargador não terá efeitos práticos agora, já que o
plenário só deve analisar o pedido daqui a pelo menos uma semana. "Não
há mais a possibilidade de os depoimentos marcados para hoje e amanhã
acontecerem", resumiu Vilhena, em nota da Procuradoria Regional da
República da Primeira Região (PRR1).
Enquanto o Ministério Público ainda estuda estratégias, a defesa de
Cachoeira definiu que a libertação do bicheiro é prioridade neste
momento. Ele está preso desde o dia 29 de fevereiro como resultado da
Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que apurou esquema de
corrupção e de exploração ilegal de jogos em Goiás. "Vamos continuar
trabalhando para revogar a prisão preventiva. Nos próximos dias, vamos
entrar com novos pedidos de habeas-corpus na Justiça", informou a
advogada Dora Cavalcanti.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF
apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes
Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico
não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo
afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones
antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador
pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com
táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre
reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no
Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o
parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski
autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2
de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia
resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a
desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as
denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes
públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior
recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça
parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um
funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam
encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT),
do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de
abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
Portal Terra
Imagem de Internet
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