Ninguém se preocupa em ter uma vida virtuosa, mas apenas com quanto tempo poderá viver. Todos podem viver bem, ninguém tem o poder de viver muito.

Sêneca

domingo, 17 de março de 2013

Carlos Dunga: a repetição de um episódio

Nonato Guedes
fotoO mandato-relâmpago de cinco horas de Carlos Marques Dunga como deputado estadual, na última sexta-feira, em meio a recursos judiciais contestando retotalização de votos que havia garantido a sua ascensão à titularidade, fez lembrar um outro episódio: a meteórica passagem de Dunga pelo governo da Paraíba. Exatamente cinco horas, uma coincidência inusitada. Em matéria de capa intitulada “O dunga da Assembléia”, datada de 23 de março de 1991, a extinta revista “A Carta” destacava que o período de governo mais rápido da história paraibana talvez tenha sido protagonizado por Dunga, então presidente da AL, que substituiu o ex-governador Tarcísio Burity para transferir o cargo a Ronaldo Cunha Lima, que havia sido eleito em segundo turno na campanha de 1990, derrotando Wilson Braga. Como primeiro mandatário do Estado, Dunga teve a chance de assinar ordens de serviço beneficiando três municípios e deixar um protocolo de intenções sobre o que teria sido a sua marca pelo Executivo se a permanência fosse mais duradoura.

Dunga contava à revista: “No período de cinco horas à frente do governo, procurei, pelo menos, pensar o que iria fazer se efetivamente fosse o governador por um tempo maior, e deixei para o governador Ronaldo Cunha Lima, documentadas, minhas ideias sobre a administração estadual, para uma análise por sua parte no aproveitamento à frente do Executivo”. Numa tarde de sexta-feira, dia 15 de março, Dunga-governador recebeu no Palácio prefeitos de oito municípios que apresentaram pleitos de solução viável. Com o seu “jamegão” foram criados os colégios estaduais de Puxinanã e Fagundes, bem como estadualizadas as escolas de primeiro e segundo graus dos distritos de Alcantil, Caturité e Bodocongó. A expectativa de Dunga, naturalmente, era a de que Ronaldo colocasse em prática as demandas por ele legadas. O então parlamentar não escondia a emoção de ter ascendido ao governo, mas dava ênfase, mesmo, ao comando que exercia na Assembléia, em regime de colegiado. ‘Dunga’ mesmo é o funcionário mais humilde, que trabalha com afinco, com fé e entusiasmo, mesmo sem receber vencimentos há mais de três meses, definia o ex-dirigente do Legislativo. O ocaso do governo Burity, a quem Dunga e Ronaldo sucederam, fora marcado por atropelos econômicos e financeiros e por dificuldade de relacionamento com deputados estaduais.

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