O texto do novo Código Florestal Brasileiro, aprovado pelos deputados na
noite de quarta-feira, foi criticado pelos senadores na sessão plenária
de hoje. O projeto da Câmara encaminhado à sanção presidencial altera o
texto elaborado pelos senadores. Relator da matéria no Senado, Luiz
Henrique (PMDB-SC) iniciou as sucessivas declarações condenando a
atitude dos parlamentares.
Segundo ele, toda a tramitação do projeto no Senado contou com a participação dos deputados, principalmente da bancada ruralista,
ambientalistas, pesquisadores e do Executivo, o que viabilizou um amplo
acordo. Luiz Henrique frisou que os deputados não cumpriram a palavra
dada durante o processo de construção do acordo no Senado. "A palavra
empenhada sobre um assunto, sobre uma matéria, deve ter a força da
Bíblia ou de uma enciclopédia, deve ter o peso de uma verdade
histórica."
O parlamentar que relatou a matéria em
conjunto com o senador Jorge Viana (PT-AC) destacou que "não houve uma
vírgula" do texto debatido no Senado que deixasse de contar com o aval
dos técnicos da Frente Parlamentar de Agricultura
da Câmara. Segundo ele, sua frustração aumentou quando viu os mesmos
técnicos formularem alguns dos dispositivos alterados pelos deputados.
O
senador Humberto Costa (PT-PE) disse que a Casa "ficou profundamente
estupefata" com a decisão tomada pela Câmara dos Deputados. Para o
petista, o que os parlamentares fizeram na Câmara foi "mutilar" uma
proposta construída tanto dentro do Legislativo quanto ouvindo representantes do Executivo e do setor agropecuário.
Pedro
Simon (PMDB-RS) não acredita que a presidente Dilma Rousseff mantenha o
texto aprovado pela Câmara. "Ela vai mostrar a posição do Brasil, e não
a da Câmara dos Deputados, perante a Conferência da Rio+20. Ela vai
aparecer na Conferência da Rio+20 mostrando o pensamento da sociedade
brasileira". Ele dá como certo o veto presidencial e a retomada das
propostas construídas durante as negociações no Senado.
Na
votação da noite de quarta-feira, os deputados retiram do texto, por
exemplo, a possibilidade de o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vetar a emissão de documento
de controle de origem da madeira explorada em Estados que não integram
o sistema nacional de dados sobre a extração. Outro ponto rejeitado foi
interrupção temporária de atividades agrícola ou pecuária em no máximo
cinco anos até 25% da área produtiva.
A exigência de planos
diretores dos municípios, ou leis de uso do solo, observarem os limites
gerais de áreas de preservação permanente (APPs) em torno de rios,
lagos e outras formações para proteção em áreas urbanas e regiões
metropolitanas, acordadas pelos senadores, foi outro ponto excluído da
proposta pelos deputados.
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