Os números do Datafolha deste final de semana sobre a aprovação
recorde do governo Dilma e o potencial do ex-presidente Lula (foto)
para 2014 traz alvissareiras perspectivas para os petistas – e outras
nem tanto. Primeiro, os aspectos positivos. Nem o mais otimista do PT
imaginaria que um ano e três meses depois da posse, a presidente
chegasse a quase 70% de gestão ótima e boa. A avaliação favorável
acontece em praticamente todas as faixas de renda e escolaridade, o que
mostra a consistência dos índices. Em igual período, Lula tinha 38%.
FHC, 30%. O formidável do levantamento, entretanto, é a coroamento do
lulismo em si. Para 57% dos brasileiros, mesmo com a altíssima
aprovação de Dilma, Lula deveria voltar a disputar a Presidência da
República. É bem verdade que cenários do tipo não chegam a causar
hecatombes. Ambos sempre foram bem aprovados. Mas surpreendem, pela
grandeza e objetividade dos números do acreditado instituto de opinião
pública. Ainda mais às vésperas de um processo eleitoral, em que
coligações podem definir o futuro de candidaturas. Por coligações,
leia-se ter Lula na campanha, através do rádio, televisão, internet e
material impresso, jogando toda a sua força, quase mítica, nesse ou
naquele nome. Nas últimas eleições, aqui no Ceará, vimos isso bem de
perto, na disputa para o Senado.
No caso particular da
corrida pela Prefeitura de Fortaleza, o PT e os aliados sabem disso.
Dilma, mais apegada à liturgia do cargo, dificilmente sairá em caravana
pelo Brasil, de palanque em palanque. Se o fizer, será em doses
homeopáticas e de forma rarefeita. Já o velho Lula, sem as amarras
protocolares – algo, que ele nunca levou em consideração – deverá ser a
maior máquina de fazer votos. Também. Principalmente se, como parece
ser o caso, a saúde do petista se restabelecer.
A APROVAÇÃO E O OTIMISMO CONSERVADOR
De
acordo com o Datafolha, o otimismo do brasileiro em relação à economia
melhorou, e a expectativa é de que esse cenário se amplie ainda mais.
Em termos gerais, a população acredita em menos inflação e mais poder
de compra. Esse é o ponto. Todos os números, sem exceção, da aprovação
de Dilma e a, digamos, saudade de Lula, tem como parâmetro a sensação
de que a vida melhorou. Tanto é assim que a descida da curva do aumento
de preços e a subida de Dilma no gosto do brasileiro tem um perfeito
paralelo. O que isso significa? Que está cristalizado na cabeça do
brasileiro que governo bom é aquele que, direto ou indiretamente,
melhora a condição socioeconômica. O que é o padrão em quase todos os
países. E nisso, os governos Dilma/Lula estão fazendo escola mundo
afora. Mas há um porém. O que aprova hoje pode desaprovar amanhã. O
levantamento diz que para 35% dos entrevistados, a oferta de emprego
tende a cair nos próximos meses. Próximos 31% pensam o contrário. Esses
índices se mantêm nas últimas pesquisas, o que revela uma espécie de
otimismo conservador.
O governo Dilma vem atuando,
fortemente, no combate à carestia de créditos e fomentando a retomada
da economia, através de medidas pontuais e de estímulo ao consumo. Como
se sabe, são iniciativas que, num ciclo virtuoso, pode significar taxas
mais elevadas de emprego e de aprovação. Em tempo: O PT caminha para
ser o partido com a maior duração no poder na história do Brasil
republicano em períodos democráticos. Para o bem e para o mal.
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