Ninguém se preocupa em ter uma vida virtuosa, mas apenas com quanto tempo poderá viver. Todos podem viver bem, ninguém tem o poder de viver muito.

Sêneca

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

De fazer vergonha

Rubens Nóbrega

Quanto submetida a avaliações periódicas, a maioria das escolas públicas da Paraíba mantida por Governo do Estado ou prefeituras municipais costuma decepcionar.

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado anteontem pelo Ministério da Educação, está aí para mostrar e confirmar.

Temos as exceções de praxe, claro, em razão do desempenho dessa ou daquela escola, mas o cômputo geral acentua a urgência de medidas efetivas na busca da qualidade do ensino público.

Não basta apenas buscar, evidentemente. Tem que universalizar a qualidade e transformá-la na regra, no comum, normal geral. Escola e ensino de qualidade têm que estar acessíveis a todos os alunos, não a uns poucos.

A receita da qualidade na escola pública é simples: professores cada vez mais qualificados, motivados por salários decentes e condições dignas de trabalho.

A minha receita é mais ousada: professores cada vez mais qualificados, motivados por salários justos que coloquem o magistério no teto da remuneração no serviço público, não no piso ou abaixo dele, como sói.

Não tem mistério. Onde governos aplicaram a fórmula, em qualquer canto do mundo, deu certo. O país cresceu social e economicamente, o povo foi junto e, mais educado e mais próspero, está mais saudável e feliz.

Filho de professor, casado com professora, sonhando a vida toda com esse ideal, um dia cheguei a apostar que uma jovem liderança política da Paraíba nos proporcionaria esse patamar quando chegasse ao topo do poder.

Mas, para a minha grande decepção, fora alguns lances e penduricalhos compensatórios no contracheque do magistério estadual (tipo 14º salário), o mais ele parece fazer por onde afundar a educação pública para bem abaixo do chão.

Ou do fundo do poço, onde a maioria das escolas e dos professores se afoga, enquanto o governo, como indisfarçado sadismo ou perversidade, continua cavando.

Decepção também na privada

A classe média assalariada ou abastada por outros meios que não o emprego público dá tudo de si, feito jogador de futebol antes da partida, para manter os filhos em “escola boa; cara, mas boa”.

Significa ter os meninos estudando em escola particular, que em geral faz muita propaganda, posa de bacana, dá ‘status’ a quem tem filho lá, mas na Paraíba, segundo o Ministério da Educação, não está com essa bola toda não.

Os dados disponíveis no portal do Mec dizem que o desempenho da rede privada de ensino em nosso Estado é sofrível, a julgar pelo Ideb obtido pelo setor em 2011.

Vejam só: o índice observado ano passado para 4ª série/5º ano foi de 5,9, dois pontos abaixo da meta projetada, que era de 6,1.

Para a 8ª série/9º ano, a escola privada conseguiu um empate: o Ideb 2011 ficou em 5.5, ou seja, igual à meta projetada.
 
A mesma performance foi constatada na 3ª série do Ensino Médio particular: Ideb 2011 de 5,3, mesmo índice da meta projetada.

PolêmicaPB

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