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Sêneca

sábado, 21 de julho de 2012

Relatório aponta melhoria na qualidade da água do Rio Paraíba


Relatório aponta melhora na qualidade da água do Rio Paraíba (Foto: Suellen Fernandes/G1) 
Relatório aponta melhora na qualidade da água do Rio Paraíba (Foto: Suellen Fernandes/G1)
Um relatório da ANA (Agência Nacional das Águas) aponta melhoria na qualidade da água do Rio Paraíba, principal fonte de abastecimento de cidades do Vale do Paraíba e do Rio de Janeiro. Pela primeira vez, os seis trechos analisados apresentam índices superiores a 51 pontos (em uma escala que vai até 100), o que significa qualidade da água boa.

Os dados, de coletas realizadas entre 2001 e 2010, foram divulgados no relatório “Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil-2012”.

As medições no manancial foram realizadas pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) nas cidades de Santa Branca, Lorena, Jacareí (dois trechos) e São José dos Campos (dois trechos). Os dados mostram uma evolução na qualidade da água no período, que a ANA atribui a investimentos em saneamento nas cidades da região a partir de 2007.

Na avaliação mais recente, em 2010, as cidades registraram no IQA (Índice de Qualidade das Águas) notas entre 60 e 75, ou seja, um índice bom. Na primeira avaliação, em 2001, a qualidade da água era considerada regular (exceto em Santa Branca e Jacareí, onde ela já era boa).
Cidades 2001 2005 2010
Jacareí (1°  trecho) sem avaliação 72 75
Jacareí (2° trecho) 56 69 66
São José dos Campos (1° trecho) 44 51 61
São José dos Campos (2° trecho) 50 57 65
Lorena 50 54 60
Santa Branca 65 72 75

Apesar da melhoria, os índices estão longe do padrão ideal. De acordo com a ANA, para a água ser considerada de qualidade ótima, as notas precisam superar 80 pontos. Na região, as cidades de Santa Branca e Jacareí são as que mais se aproximam do índice, com 75 pontos.
O secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Edson Giriboni, diz que é preciso alcançar essa excelência. “O que nós queremos é que os resultados sejam ótimos. Mas para isso é preciso universalizar o tratamento do esgoto e também uma boa gestão dos municípios com relação aos resíduos sólidos, que muitas vezes acabam chegando ao rio”, diz Giriboni, que é presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul.
Vida aquática
 
O nível de oxigênio por litro de água também apresenta melhora. Em São José dos Campos, o índice foi de 1,2 mg/L para 5,2 mg/L e em Lorena, de 2,2 mg/L para 5,2 mg/L (é preciso ao menos 5 mg/L para a preservação da vida aquática, de acordo com resolução do Conama).
A ribeirinha Rita Henrique diz que, apesar de melhora, o rio ainda não tem muitos peixes (Foto: Suellen Fernandes/G1) 
A ribeirinha Rita Henrique diz que, apesar de
melhora, os peixes ainda não voltaram ao rio
(Foto: Suellen Fernandes/G1)
Nelson Menegon, gerente da divisão de Qualidade de Água da Cetesb, diz que os resultados atingidos até 2010 são satisfatórios e servem de diretriz para os trabalhos dos próximos anos. “A intenção é sempre melhorar a qualidade da água. Mas ainda que se atinja 100% de tratamento do esgoto, o rio pode não ser classificado como ótimo. Isso porque pode continuar havendo lançamento de esgoto clandestino e resíduos que são levados para o rio por meio das chuvas”, afirma.

Para os moradores de comunidades ribeirinhas, é preciso fazer mais pelo rio. “Eu lavo louça e roupa no rio e realmente tinha mais lixo antes do que hoje. Mas os peixes ainda não voltaram. O rio era cheio deles quando eu era criança”, conta Rita Henrique, de 28 anos, nascida na comunidade Beira Rio, em São José dos Campos.

O pescador Raul dos Santos Leite, de 41 anos, também espera um rio ainda mais limpo, mas diz que é certo que ele está menos poluído. "Mudou bastante nos últimos dois anos. Antes tinha muito lixo."

Saneamento

Apontado pelo relatório da ANA como o principal fator de melhoria na qualidade da água do Rio Paraíba, o saneamento básico deve ser ampliado na região até 2014. No Vale do Paraíba, 86% das cidades têm o esgoto tratado antes de ser lançado no rio. A idéia é reduzir por completo o lançamento do esgoto ‘in natura’ no manancial.

Para isso, três novas estações de tratamento de esgoto devem iniciar as operações entre o primeiro trimestre de 2013 e o final de 2014. São elas a Estação Pararangaba, a de Cachoeira Paulista e a de Queluz.

De acordo com o gerente do Departamento Distrital da Sabesp, José Carlos Vilela, serão investidos R$ 520 milhões até 2014. “O Rio Paraíba é a principal fonte de abastecimento no Vale do Paraíba. Essas obras vão contribuir para a despoluição do rio, reaparecimento de peixes e melhoria na qualidade de vida da população.”


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