Um
protesto acabou em confusão no domingo durante um evento religioso que
contou com a presença do deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) em
São Sebastião, no litoral de São Paulo. Segundo informações publicadas
nas redes sociais, o pastor pediu a ajuda da polícia para coibir um
"beijaço" organizado por duas jovens durante o Glorifica Litoral, evento
gospel que ocorreu durante o último final de semana. As jovens Joana
Palhares, 18 anos, e Yunka Mihura, 20, teriam se beijado durante o culto
religioso, o que acabou causando indignação no deputado.
Em
sua página no Facebook, Joana havia publicado uma foto convocando para o
"1º Beijaço Gay São Sebastião". Com a legenda "Feliciano, nos aguarde",
ela prometia marcar presença na praça do coreto, às 20h deste domingo.
Durante o ato, porém, Feliciano teria pedido para guardas municipais
coibirem os beijos. Ao menos quatro guardas municipais cercaram as
meninas e o grupo de amigos que as acompanhava. A abordagem foi filmada
por uma testemunha e publicada na internet nesta segunda-feira.
Tentando
tirar o foco da confusão, Feliciano orienta aos fiéis que peguem suas
bíblias e acompanhem a um trecho do livro sagrado que seria lido por
ele. "Ignora esse pessoal. A polícia já está indo ali. Isso é vilipêndio
a culto. Só vou pedir aos policias para tomarem cuidado, que esse
pessoal (...) eles vão falar que vocês estão batendo neles viu", disse o
pastor.
"Esse
pessoal que não tem respeito a mãe, nem pai, nem a ninguém. Cachorrinho
que está latindo é assim, você ignora ele e ele para de latir",
completou o pastor, pedindo para o público ignorar a confusão. O
cinegrafista registrou os policiais puxando as jovens, que relutaram em
sair do espaço. Após alguns minutos, elas foram levadas para uma área
restrita ao lado do palco no qual se apresentava o pastor e deputado. O
cinegrafista foi impedido de prosseguir pelos próprios guardas
municipais.
Em
sua página pessoal no Facebook, Joana Palhares acusou os guardas de
agressão pelo modo como ela foi conduzida. "Nunca imaginei que seria
agredida, violentada, algemada e presa por beijar uma mulher em
publico!! Vergonha de fazer parte dessa sociedade de merda!!! Estou com
nojo do meu país e principalmente da minha cidade ", desabafou a jovem.
Procurada
pelo Terra, a assessoria do deputado não negou o ocorrido e disse que
Marco Feliciano não iria fazer nenhuma declaração sobre as acusações das
jovens. De acordo com os assessores, o local estava reservado para o
evento religioso e "ele (Feliciano) sabe dos direitos dele" - a
assessoria alegou ainda que o deputado vai aguardar eventuais
movimentações por parte dos advogados das jovens.
Prefeitura vai investigar ação
A
prefeitura de São Sebastião divulgou uma nota sobre o ocorrido, dizendo
que a Guarda Civil agiu em cumprimento do “artigo 208 do Código Penal
Brasileiro - que prevê pena de detenção de um mês a um ano ou multa ao
cidadão que zombar de alguém publicamente por motivo de crença ou função
religiosa e impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto
religioso”.
De
acordo com documento, a Guarda Civil Municipal (GCM) teria agido
inicialmente conversando com as manifestantes e “na tentativa de
retirá-las do local com segurança – tendo em vista que o grupo corria o
risco de um possível mal maior por parte de pessoas que insinuavam uma
agressão - um cordão de isolamento foi preparado”.
As
jovens foram encaminhadas ao 1º Distrito Policial e lá o delegado de
plantão decidiu registrar a ocorrência apenas como averiguação. Na manhã
desta segunda, o caso começou a ser apurado pela ouvidoria da GCM, que
verifica se houve excessos por parte dos guardas que participaram da
ação.
Terra
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