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Sêneca

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Seca derruba produção e dívida de agricultores bate R$ 61mi


Com dívidas vencidas que chegam a R$ 61,4 milhões nos bancos oficiais, quase 24 mil pequenos agricultores paraibanos não estão sofrendo apenas com os efeitos da forte estiagem no semi-árido do Estado, mas também com a possível perda da propriedade por falta renegociação das dívidas pendentes, boa parte delas contraídas no final da década de 90, que registrou perdas sucessivas de safras. Além de impedidos de tomar novos financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), os oficiais de justiça estão batendo à porta das pequenas propriedades para realizar a cobrança judicial do endividamento com ameaças de possíveis despejos. A Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Paraíba (Fetag) tentou amenizar a situação ao negociar com o Governo do Estado no final do ano passado que assumisse 1% dessa dívida (R$ 614 mil), condição dada pelos bancos BNB e do Banco do Brasil para voltar a renegociar.Passados nove meses do acordo firmado entre o Governo e a Fetag em prol dos agricultores inadimplentes, o presidente da Fetag, Liberalino Ferreira, revela que “pouquíssimos agricultores foram aos bancos renegociar a dívida”. Além de amargar queda recorde na safra deste ano, o principal motivo é a falta de capital para honrar os novos compromissos renegociados. “Acredito que muitas são dessas dívidas são impagáveis não apenas pelos valores, mas pelas condições econômicas.
O agricultor Expedito Francisco Gonçalves, do município de Salgado de São Félix, perdeu as lavouras de algodão e parte do rebanho caprino com as fortes estiagens seguidas no final de década de 90 e nunca mais se recuperou. “A dívida acumulada dele já passa de R$ 70 mil”, conta Manoel Araújo, o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Salgado de São Félix, no agreste paraibano, distante 70 quilômetros da capital.“Atualmente, o agricultor está desconsolado e sem perspectiva. Depois desse tombo, nunca mais teve condições de fazer outro financiamento, porém, a situação de Expedito não é exceção no campo, mas uma realidade bem comum. Muitos agricultores desistiram da agricultura e estão sobrevivendo com recursos do Bolsa Família e de aposentadoria do INSS, inclusive, muitas famílias formada por filhos já casadas vivem unicamente dessa renda”, avalia Manoel Araújo.

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