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Sêneca

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Após investimento, Brasil ultrapassa previsão de medalhas, mas 'perdeu bonde para 2016'

Especialistas na área de economia do esporte e profissionais ligados a confederações de esportes individuais dizem que o Brasil já "perdeu o bonde para 2016", mesmo com um aumento de benefícios a atletas e o investimento na infraestrutura de treinamento. Na reta final de Londres 2012, o Time Brasil conquistou 17 medalhas (sendo três de ouro), superando em apenas duas a previsão do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que esperava atingir o mesmo resultado da Olimpíada de Pequim 2008. 

A previsão do COB, que chegou a ser considerada "modesta" pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, foi justificada pelo comitê pela "falta de tempo" para que as confederações pusessem seus projetos em prática desde que foi anunciado um aumento de R$ 90 milhões no investimento, em 2011. "O investimento deveria ter acontecido antes. Já deveríamos ter terminado Pequim olhando para a Olimpíada de 2016", disse à BBC Brasil Miguel Arruda, conselheiro da Confederação Brasileira de Atletismo e do clube BMF, o principal do país na modalidade. Em Pequim 2008, o investimento governamental de cerca de R$ 1,2 bilhão culminou em 15 medalhas, duas a menos do que em Londres 2012, onde as cifras, que serão anunciadas pelo COB ainda hoje, parecem ter sido muito maiores. Nos Jogos de Londres, a delegação brasileira manteve o bom desempenho em esportes de grupo e dupla, chegando às finais do vôlei feminino e masculino, do futebol masculino e do vôlei de praia masculino. Com uma performance dentro do planejado no judô e surpresas positivas no boxe e na ginástica artística masculina, aumentaram a contagem de medalhas do país. Neste domingo, o superintendente executivo do COB, Marcus Vinicius Freire, disse que atletismo e natação, que foram para menos finais em Londres, tornaram-se pontos de "atenção" e "preocupação". 

Falta de renovação O atletismo participou de somente três finais, no revezamento 4x100 metros feminino, no arremesso de peso e no salto em distância masculino, e terminou os Jogos sem medalha pela primeira vez desde 1992. Em Pequim, foram sete finais e um ouro. Segundo Arruda, o desempenho se deve à pouca quantidade de atletas de alto rendimento em condições de competir em Olimpíadas - e o quadro não deve melhorar até 2016, por causa da dificuldade de renovação da equipe brasileira. "No atletismo é possível que tenhamos resultados piores (no Rio 2016) do que em Londres. Os atletas que vão competir no Rio já estão em competições nacionais e os resultados que estamos observando são ínfimos. Temos que tirar leite de pedra dos poucos atletas que a gente tem." "Nosso contingente de atletas em Londres é bom, mas se você fizer um corte de idade, terá poucos deles em 2016. A performance deles já está baixa, por causa do avanço da idade. Na minha opinião, não há tempo. 2016 já passou. Já perdemos o bonde no atletismo", afirmou à BBC Brasil. A ginástica artística, que participou de seis finais em Pequim, foi a somente duas em Londres e obteve o ouro surpreendente de Arthur Zanetti. 

No entanto, o especialista Marco Antonio Bortoletto, da Unicamp, também aponta a falta de renovação nas equipes como um problema para o Rio. "Sou bastante cético quanto a isso. Acho que esse investimento já deveria ser feito e talvez não dê tempo para o Rio. Os centros de treinamento já deveriam estar prontos para que nossas categorias infantil e de base pudessem treinar.", disse à BBC Brasil. "Se olharmos para o que era há dez anos, melhorou muito, mas não o suficiente para sermos uma potência. 

E Diego, Arthur e Sasaki são exceções e devem ser tratados como tal. São talentos acima da média e é por isso que chegaram onde chegaram, mesmo não tendo as condições necessárias." Investimento tardio A equipe britânica, que competiu em todas as modalidades e ganhou 65 medalhas, sendo 29 de ouro, também atribui o bom desempenho principalmente ao investimento financeiro no esporte de alto rendimento, que quadruplicou no ciclo olímpico de Atenas 2004 a Pequim 2008. Em Atlanta 1996, tanto a Grã-Bretanha quanto o Brasil tiveram 15 medalhas cada. No ciclo seguinte, quando o governo britânico passou a destinar parte dos lucros com a Loteria Nacional no esporte pela primeira vez, a delegação dobrou seu número de medalhas e conquistou 28 em Sydney.

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