Agricultura
e a pecuária foram as atividades que responderam por dois terços do
consumo medido, seguidas pela pesca e emissão de carbono, no Brasil
A população mundial está consumindo 50% mais recursos
naturais do que o planeta pode oferecer. Segundo o Relatório Planeta
Vivo, divulgado nesta terça-feira (15), pela rede ambiental WWF, o
crescimento da população e o consumo excessivo são os maiores
responsáveis pela pressão sobre o meio ambiente. O Brasil está acima da
média mundial na relação entre a demanda e a capacidade de regeneração
do ambiente.
Segundo o documento, todas as economias emergentes do Brics – grupo
que compreende o Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul –
aumentaram o consumo per capita de recursos naturais. A elevação ficou
em 65% nos últimos 50 anos. No caso brasileiro, a agricultura e a
pecuária foram as atividades que responderam por dois terços do consumo
medido, seguidas pela pesca, emissão de carbono, uso florestal e áreas
construídas em cidades.
“Temos a maior área para pecuária e uma das menos produtivas.
Enquanto a pegada ecológica [índice de consumo] da atividade no Brasil
tem taxa de 0,95, na Argentina, o índice é 0,62 e a média mundial,
0,21. Na agricultura, o problema está voltado para outras questões,
como o grande volume de consumo de água nas lavouras”, explicou a
secretária-geral da WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito.
Para ela, o Brasil precisa se posicionar sobre questões polêmicas,
como o Código Florestal, para continuar exercendo papel importante na
reversão desses cenários e ser visto como modelo durante a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
“O Brasil pode perder credibilidade no debate sobre conservação se
a presidenta Dilma [Rousseff] vetar parcialmente ou aprovar o texto. A
presidenta precisa identificar que a pegada ecológica no país está na
agropecuária e o debate é em torno de uma visão retrógrada, diante de
tudo que já sabemos”, observou Maria Cecília.
Para os técnicos do WWF, o veto total, considerado “uma ação de
responsabilidade”, terá melhor impacto para o Brasil na conferência
internacional, do que os resultados sobre redução do desmatamento. “O
que fica mal para o Brasil [na Rio+20] é não dar garantia de leis. Você
vai investir em um país que não cumpre suas regras e dá anistia a quem
cometeu crimes ambientais?”.
O Relatório Planeta Vivo, divulgado hoje (15) em vários países,
mediu as mudanças dos ecossistemas em 9 mil populações. Segundo o
documento, a biodiversidade continua apresentando declínio,
principalmente nas regiões tropicais. Os países de maior renda, como o
Catar, Kwait, os Emirados Árabes e Estados Unidos, consomem, em média,
três vezes mais recursos naturais do que os países de menor renda.
Apesar disso, foi nos países de renda mais baixa que o declínio da
biodiversidade foi maior. “O que demonstra como as nações mais pobres e
mais vulneráveis subsidiam o estilo de vida dos mais ricos”, destacou a
WWF no relatório.
DCI
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