Empenhado em amarrar acordos coletivos com outros países para
abastecer o programa Mais Médicos, o governo federal está acertando a
vinda de uma primeira leva de profissionais estrangeiros para o Brasil. O
iG
apurou que um grupo de aproximadamente 300 médicos cubanos está pronto
para desembarcar no país, o que poderia ocorrer já no próximo dia 26.
Esses profissionais se somam aos demais 938 médicos
brasileiros e 715 estrangeiros que participaram da primeira etapa de
inscrições do programa. Esses casos, entretanto, se referem a
profissionais que se inscreveram individualmente no programa.
Oficialmente,
o Ministério da Saúde confirma apenas que as negociações para acordos
coletivos com outros países, entre eles Cuba, estão sendo conduzidas
pelo ministro Alexandre Padilha. Essa abordagem, segundo a pasta, é
prioritária na nova etapa de recrutamento de profissionais para o Mais
Médicos. Segundo o ministério, entretanto, os acordos ainda não estão
fechados.
Os profissionais que serão trazidos dentro do programa
Mais Médicos serão encaminhados a municípios onde não houve nenhum
candidato interessado em trabalhar, após seleção inicial realizada pelo
Ministério da Saúde. Padilha vai anunciar na manhã de hoje um balanço
detalhado dessas primeiras convocações. O número de participantes ainda
está muito distante das 15.460 vagas que precisam ser preenchidas em
todo o país, de acordo com os dirigentes municipais.
O programa Mais Médicos foi lançado há pouco mais de um
mês pelo governo federal como uma aposta para resolver a escassez de
médicos em áreas isoladas ou de risco. Além de atrair estrangeiros para o
Brasil, o projeto prevê a abertura de mais vagas de Medicina, aumento
de bolsas em residência e mais investimentos em infraestrutura.
A atração de médicos estrangeiros para atuarem no Brasil,
que será supervisionada por professores universitários e fará parte de
um programa de especialização, não agrada a grande parte das entidades
médicas. Em maio, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota,
chegou a anunciar que 6 mil médicos de Cuba viriam trabalhar em regiões
pobres. Mas a polêmica em torno do assunto levou o governo a recuar. As
críticas versam sobre temas que vão desde a forma como o governo cubano
gerencia a categoria até questionamentos sobre a qualificação desses
profissionais.
Entre os que defendem a atração de profissionais vindos
de Cuba, o argumento é de que as críticas são reflexo de “preconceito”.
“Eles possuem uma das menores taxas de mortalidade infantil do mundo. Há
muito preconceito”, diz o deputado Rogério Carvalho (PT-SE).
Coordenador da Associação Médica Nacional Maíra Fachini,
composta por brasileiros formados em Cuba, o médico Wesley Caçador
Soares, defende a atuação dos profissionais no Brasil durante o período
de especialização. Ele, que revalidou seu diploma na Universidade
Federal do Ceará, conta que a associação possui cerca de 300 médicos
brasileiros cujos diplomas cubanos não foram revalidados no país.
“Deles, 95% se inscreveram no Mais Médicos. Somos defensores do SUS”,
afirma.
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