O secretário-geral da Presidência da República, ministro
Gilberto Carvalho, rejeitou na quarta-feira (1º) a proposta feita pelo presidente
da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, de indexar os salários à
inflação. "Nós não temos condição nenhuma de aceitar, porque essa
proposta é contra os trabalhadores e é contra o país, na medida em que
induz a um clima de alta inflacionária", declarou após discursar no ato
unificado de quatro centrais sindicais na Praça Campo de Bagatelle, na
zona norte da capital paulista.
Carvalho destacou que o governo está empenhado em trazer a inflação para o centro da meta. "Estamos tomando medidas para diminuir o impacto. Se vocês repararem, a inflação já começa a ceder. Aceitar a história de um gatilho [para o reajuste] seria aceitar que nós estamos relaxando no combate à inflação. Não é verdade". Ele disse ainda que respeita a proposta das centrais, mas que rejeitar a proposta é papel do governo. "Temos o dever de escutar as centrais e temos o direito de dizer não. O não está dito desde agora. Não posso chamar [essa proposta] de irresponsabilidade, é uma visão", disse.
Para o presidente da Força Sindical, a proposta visa a recuperar as
perdas nos salários em razão da alta inflacionária. "Estamos tendo
pressão da base. Os trabalhadores estão reclamando da inflação. As
categorias vão convocar suas assembleias a partir de amanhã e vão
incluir na pauta essa questão", informou. A campanha é para que sempre
que a inflação chegue a 3%, os dirigentes sindicais reivindiquem o
repasse do valor correspondente nos salários.
Além da Força Sindical, o ato reuniu a Central dos Trabalhadores do
Brasil (CTB), a União Geral de Trabalhadores (UGT) e a Nova Central
Sindical de Trabalhadores (NCST). A proposta de indexação dos salários,
no entanto, não foi adotada por todas as entidades. "Ainda não
conversamos com as outras centrais", informou Paulo Pereira. A pauta
unificada de reivindicações incluiu, entre outros temas, o fim do fator
previdenciário e a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais
sem redução de salários.
O vice-presidente da CTB, Vicente Selistre, lembrou, durante o ato,
que o 1º de Maio, além de ser um momento para refletir sobre as
reivindicações dos trabalhadores, é um momento para celebrar conquistas.
"Estamos comemorando os 70 anos da CLT [Consolidação das Leis do
Trabalho], as conquistas recente das trabalhadoras domésticas. Mas ainda
temos questões graves, como trabalho escravo, trabalho infantil. Há
muito que comemorar, mas ainda muito para avançar", ponderou.
O ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Manoel Dias, que também
esteve presente ao evento, destacou durante o discurso aos trabalhadores
que a presidenta Dilma Rousseff irá se reunir, em uma mesa de
negociação, com todas as centrais sindicais no próximo dia 14 de maio.
"Vamos dialogar sobre os avanços necessários nessa área. Temos certeza
que os avanços vão chegar à maioria da população", destacou.
De acordo com o secretário-geral da Presidência, nessa reunião serão
abordados alguns temas que não estavam na pauta de reivindicações
anterior do movimento sindical, como terceirização e direito de greve
dos servidores públicos. "Vamos tratar também da questão da
regulamentação do trabalho doméstico. Nós nunca paramos de conversar com
as centrais e nunca deixamos de vir aqui [no ato do 1º de Maio]. Vamos
manter esse diálogo".
Edição: Graça Adjuto
Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
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