A
exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart poderá ter um
resultado não conclusivo, disse hoje (4) Rosa Cardoso, integrante da
Comissão Nacional da Verdade (CNV). "Já temos uma avaliação da Polícia
Federal dizendo que mesmo que o resultado seja negativo, não é
inteiramente conclusivo. Pode não haver ainda tecnlogia para alcançar o
resultado. O nível de decomposição da massa óssea pode ser grande
demais, impedindo que cheguemos a uma assertiva", declarou. Rosa Cardoso
está na capital fluminense participando de uma audiência da CNV para
ouvir militares perseguidos pela ditadura
A exumação dos restos
mortais do presidente João Goulart ainda não tem data definida para ser
feita. A CNV informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que uma
força-tarefa formada por integrantes da CNV, da Polícia Federal, da
Secretaria de Direitos Humanos, da Comissão Estadual da Verdade do Rio
de Janeiro, da Ordem dos Advogados do Brtasil e do Ministério Público
Federal no Rio Grande do Sul está sendo criada para tratar do assunto.
Rosa
Cardoso informou que peritos internacionais estarão participando da
exumação. "Vamos querer, para dar mais autenticidade e imparcialidade a
esse trabalho de perícia, que participem peritos da Argentina, do
Uruguai, do Chile e de outros países que tenham tecnologia para essa
perícia mais avançada. Queremos pegar peritos dos países que estiveram
envolvidos na Operação Condor, mas também de países que tenham
tecnologia de ponta para que a gente chegue a resultados mais
conclusivos", ressaltou.
A exumação foi pedida pela família de
João Goulart durante audiência da Comissão Nacional da Verdade em Porto
Alegre. Ela suspeita que o ex-presidente tenha morrido por envenamento.
Jango morreu em dezembro de 1976, durante o exílio na Argentina. O corpo
foi enterrado em São Borja, no Rio Grande do Sul. "Para a família é um
terrível martírio. Convivemos esses anos todos sem saber exatamente o
que aconteceu", disse João Vicente Goulart, filho do ex-presidente.
Segundo
ele, o caso "está envolvido em mistério desde o dia da morte" do pai.
"Não houve autópsia nem no Brasil nem na Argentina" Havia uma certidão
de óbito completamenter espafúrdia. O caixão estava fechado, selado, sem
poder abrir", disse. De acordo com João Vicente, já em 1976 surgiram
dúvidas sobre as causas da morte do ex-presidente.
"Gerou-se uma
grande dúvida já em 1976. Fora os documentos que foram depois liberados
pelo Departamento de Estado [norte-americano]. Há documentos indicando
que agentes do Dops [Departamento de Ordem Política e Social] e do SNI
[Serviço Nacional de Informações] estavam dentro da nossa casa no
exílio, subtraindo documentos de forma clandestina. Há fotos de agentes
do SNI no aniversário de meu pai. Temos uma confissão de um ex-agente,
do servicço secreto do Urugai, que disse que participou", declarou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário