Simone de Oliveira, mãe da manicure Susana do Carmo Figueiredo, suspeita de ter matado o menino João Felipe Bichara,
de 6 anos, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense, no dia 25 de março,
apresentou ao delegado José Mario Omena, na manhã desta segunda-feira
(1°), uma carta detalhada em que a manicure revela o plano de sequestrar
uma criança e pedir R$ 300 mil de resgate.
"Pelo contexto, só pode ser do João", afirmou Omena.
Segundo
o delegado, na carta feita em duas folhas de caderno, a manicure
descreveu o plano, detalhando que ligaria para escola, pegaria a vítima e
reservaria o quarto de hotel. Durante a descrição da contabilidade, em
momento algum, segundo Omena, Susana menciona pagamento a
terceiros, reforçando a tese de que ela agiu sozinha. "Se ela ia pedir
resgate depois, a gente não deu tempo para isso, pois ela ia pedir com
a criança morta mesmo", disse.
No
dia do crime, Susana ligou para a escola onde João estudava se passando
pela mãe dele, pediu que a criança fosse liberado da aula e o levou de
táxi até um hotel,
onde teria asfixiado o menino. O corpo foi achado em uma mala, na casa
da manicure. O motivo ainda não ficou claro para a polícia, já que a
manicure contou versões variadas da história.
A
carta feita em duas folhas de papel foi encontrada na casa da manicure,
mas, para o delegado, mesmo com os detalhes do plano de sequestro,
Susana não tinha intenção de devolver o menino. “Em momento algum ela
pensou em devolver a criança para a família. Uma coisa que me causou
estranheza foi ela escrever para si mesma", disse Omena, ressaltando que
vai analisar as ligações feitas e recebidas no celular da manicure.
A
pena para sequestro com morte é maior do que homicídio qualificado,
segundo o delegado. "Extorsão mediante sequestro com morte é a maior
pena mínima, 24 a 30 anos", afirmou ele, acrescentando que para
homicídio a pena mínima é de 12 anos e máxima 30 anos.
Susana teria escrito em folhas de caderno o plano do sequestro (Foto: Cristiane Cardoso/G1)
Pai de João Felipe deve ser ouvido
Além
da mãe da manicure, também são esperados para prestar depoimento o pai
do menino, Heraldo Bichara Jr, a camareira do Hotel São Luís, onde
Susana disse ter matado João Felipe, e um amigo do taxista Rafael
Fernandes, que entregou a suspeita à polícia.
Segundo
Omena, o depoimento da mãe de Susana será importante para traçar o
perfil psicológico da manicure. Sobre o depoimento do pai do menino,
Heraldo Bichara Jr., o delegado espera esclarecer outras questões. "Vai
ser uma peça fundamental. Vou ter que analisar o depoimento dele para
concluir se ele era o alvo da conquista ou se pode ter descartado a
Susana", afirmou.
Omena
informou ainda que o depoimento de Aline Bichara narrou as inúmeras
ligações que a suspeita fez para a mãe da vítima no dia do crime. "Ela
ficou ligando insistentemente a chamando para ir para Volta Redonda. Ou
ela estava monitorando a família ou a mãe era o alvo", concluiu.
Imagens de câmeras de segurança
Imagens
de câmeras de segurança do Hotel São Luís, em Barra do Piraí, no Sul
Fluminense, mostram os momentos em que a manicure entra com o menino
andando e sai com o corpo dele no colo. O vídeo foi exibido no Fantástico deste domingo, 31.
Segundo
o delegado, a mãe de João era amiga de Susana havia três anos, quando
começou a fazer as unhas com ela. À polícia, Aline Bechara disse que
vinha sendo procurada pela manicure para que viajassem juntas, o que não
aconteceu. "Então ela foi pro plano B. Então ela investiu contra a
criança", explicou Omena. "Quem mata o filho de um casal que conhece já
sabe de antemão que vai atingir gravemente esse casal (...) Só se mata
uma criança ou por vingança ou qualquer tipo de ira, né?"
O
delegado informou ainda que em depoimento, Aline afirmou que não tinha
informações sobre relacionamento do marido fora do casamento e que nucna
passou por sua cabeça algum envolvimento com Susana. "Para a Aline, a
Susana estava acima de qualquer possibilidade. A Aline considerava a
Susana uma amiga", informou.
Susana, que está presa em penitenciária em Bangu, Zona Oeste do Rio, contou que queria apenas dar um "susto" na família. "Eu não queria fazer isso com a criança. Eu ia dar um susto. Só que acabou, as coisas acabaram acontecendo desse jeito. Eu tinha os motivos. Eu já falei pra eles o motivo que eu tinha", acrescentou, sem citar as razões.
Susana, que está presa em penitenciária em Bangu, Zona Oeste do Rio, contou que queria apenas dar um "susto" na família. "Eu não queria fazer isso com a criança. Eu ia dar um susto. Só que acabou, as coisas acabaram acontecendo desse jeito. Eu tinha os motivos. Eu já falei pra eles o motivo que eu tinha", acrescentou, sem citar as razões.
Liberação da escola
Devido
à amizade, a manicure conhecia a rotina da família, fato que facilitou a
liberação de João do colégio, e não fez com que ele questionasse ser
buscado por Susana, com quem foi brincando no táxi,
segundo o motorista Rafael Fernandes. Por telefone, ela simulou para
uma funcionária do colégio ser a mãe do menino e disse que a babá teria
se enganado ao mandá-lo para a escola, e que iria pedir para alguém
buscá-lo para uma consulta médica.
"Estava de cabelo escovado, estava maquiada, estava com uma bolsa bonita, de óculos escuro", descreveu o taxista.
Rafael
foi o responsável por entregar Susana à polícia. A notícia do
desaparecimento do menino rapidamente rodou a cidade depois que a mãe
chegou para buscar João e foi informada de que alguém havia o levado
antes. Eneas, taxista que pegou manicure e a criança no hotel e as levou
para a casa dela, passou o endereço para os policiais. Rafael, que
tinha os números da mulher no celular, marcou um encontro.
"Ela
não queria entrar. Aí eu falei: 'Entra aqui que a gente só vai
conversar'. Aí ela falou: 'Tá bom, vou confiar em você'. Foi na hora que
ela entrou, eu travei a porta e fui embora", contou, lembrando que a
manicure ficou muito nervosa e pediu que a soltasse.
Colégio instala câmeras
João
Felipe tinha entrado no Colégio Medianeira em fevereiro. Junto com
outras 27 crianças, cursava o 1º ano, no início da alfabetização.
Segundo os professores, era uma criança alegre e inteligente e um dos
primeiros a terminar as tarefas em sala de aula. Agora, o desafio dos
funcionários e dos quase 600 alunos é tentar retomar a rotina a partir
desta segunda.
"Tomaram-se
algumas medidas. Houve instalação de monitoramento de câmeras, na
entrada, externa, interna, nos corredores. Vai ser feito um trabalho com
os pais, vai ser feito uma reunião com os pais, assim na retomada das
aulas", disse a advogado da escola, Tânia Maria Moraes.
Os
alunos terão ajuda de um psicólogo e de um padre e a turma de João
Felipe vai estudar em uma nova sala. "Que isso, de certa forma, sirva de
exemplo pra criar normas rígidas de conferência. Ah, a mãe ligou... Não
pede telefone a quem ligou, não. Vai ligar para os telefones que
estiverem constando na ficha. Se não atender, nada feito", disse Omena.
'Ambiciosa', diz parente
Susana está em Bangu (Foto: Divulgação / Seap) |
Uma
parente de Susana, que não quer ser identificada, disse que a manicure
era ambiciosa. "Fazia unha, tudo bem, mas pra ela era pouco. Gostava de
se envolver com pessoas de dinheiro, essas coisas."
Do G1 Rio, em Barra do Piraí
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