O Brasil hoje possui cerca de 30
milhões de hectares com potencial para irrigação distribuídos de Norte a
Sul do país, segundo dados do Retrato da Irrigação no Brasil divulgado
nesta segunda-feira (15), pelo Ministério da Integração Nacional. Os
números do levantamento indicam que investir na agricultura irrigada
significa trazer ganhos de produtividade que podem fazer o país
despontar como uma potência mundial na produção agrícola sustentável.
Para o secretário Nacional de Irrigação, Guilherme Orair, “a
irrigação pode trazer ao produtor rural ganhos de produtividade muito
elevados. Para algumas culturas, este índice pode chegar a 300%”. Além
disso, o uso das técnicas de irrigação, ao elevar a produtividade da
lavoura, contribui para a preservação dos biomas brasileiros, na medida
em que se reduz a demanda pela expansão da fronteira agrícola, destaca o
secretário.
O Ministério da Integração Nacional, por meio da Secretaria Nacional
de Irrigação (Senir), tem investido no aperfeiçoamento e na ampliação da
área irrigada no Brasil. Entre as iniciativas desenvolvidas está o
Programa Mais Irrigação, que prevê investimentos de R$ 10 bilhões, em
recursos federais e parcerias com a iniciativa privada, para aumentar a
eficiência das áreas irrigáveis e incentivar a criação de polos de
desenvolvimento.
Em outra frente, o ministério tem incentivado os estados a elaborar
Planos Diretores de Irrigação, com indicadores, metas e prioridades para
a agricultura irrigada. Esse é um instrumento estratégico para a
política pública voltada para o setor. Com a nova Política Nacional de
Irrigação, aprovada este ano, o Governo Federal estabeleceu ainda novas
estratégias para o desenvolvimento da agricultura irrigada, visando ao
aumento da produtividade, de forma sustentável, e a redução de riscos
climáticos para agropecuária.
Também está em processo de análise, no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa) o Programa de Incentivo da Agropecuária
Irrigada – Pro-Agropecuária Irrigada - para ampliar a área irrigada, a
produtividade e a qualidade dos produtos agrícolas. Os especialistas
concordam que, no Brasil, existem aproximadamente 30 milhões de hectares
de solos aptos para extensão e desenvolvimento da agricultura irrigada
de forma sustentável.
O estudo de viabilidade do projeto, que está sendo analisado por
autoridades do Mapa, é uma meta do Plano Brasil Maior. A pasta pretende
aperfeiçoar o desenvolvimento tecnológico e inovação voltados para
agricultura irrigada e sua difusão.
Boas possibilidades em todo o país
De acordo com o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
de 2006, as possibilidades da agricultura irrigada estão em todas as
regiões. Na região Norte, por exemplo, 14,6 milhões de hectares
apresentam as condições para o desenvolvimento de atividades
agropecuárias que podem utilizar técnicas de irrigação. Já no
Centro-Oeste são 4,9 milhões de hectares disponíveis. São mais 4,5
milhões de hectares no Sul, 4,2 milhões de hectares no Sudeste e 1,3
milhão de hectares no Nordeste.
No Nordeste, principalmente nos estados da Bahia e de Pernambuco, a
fruticultura irrigada permite o desenvolvimento de polos regionais de
produção e exportação. Já no Rio Grande do Sul, por exemplo, a irrigação
adquire especial importância nas lavouras de arroz. A técnica da
reservação, com a adequada distribuição da água ao longo do ano, por
meio da irrigação, é fundamental nesse tipo de produção.
Na análise de dados preliminares do Produto Interno Bruto (PIB), em
2012, verifica-se que a produção agrícola dos estados do Centro-Oeste
teve uma participação relevante e permitiu à região um crescimento de
3,3%. Esse resultado foi alcançado em grande medida pelo uso de técnicas
de irrigação nas culturas com maior volume de produção, como o milho e a
soja.
Ganhos chegam a ser sete vezes maior
Segundo o professor Demetrios Christofidis, da Universidade de
Brasília (UnB), a produtividade da agricultura irrigada brasileira chega
a ser três vezes maior que a obtida com a agricultura tradicional. Em
termos econômicos, o ganho com a irrigação é ainda mais expressivo. “A
produtividade econômica decorrente da venda dos produtos irrigados é
cerca de sete vezes maior daquele obtida com os produtos da agricultura
tradicional”, explica o professor de Sistemas de Irrigação e Drenagem,
do curso de Engenharia Civil.
Atualmente, segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), são 5,5
milhões de hectares irrigados no país. As culturas com mais áreas
irrigadas são cana-de-açúcar (1,7 milhão de hectares); arroz em casca
(1,1 milhão de hectares); soja (624 mil hectares); milho em grão (559
mil hectares) e o feijão de cor (195 mil hectares). O estado que
concentra a maior área de lavouras irrigadas é o Rio Grande do Sul, com
984 mil hectares. Em seguida, estão São Paulo (770 mil hectares), Minas
Gerais (525 mil hectares), Bahia (299 mil hectares) e Goiás (270 mil
hectares).
Fonte: Portal Planalto
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