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Sêneca

sábado, 22 de setembro de 2012

Saúde-Pesquisa: Pessoas com demência escondem a doença por causa do estigma

O último relatório da ADI -Alzheimer's Disease International, federação internacional com 78 associações de alzheimer em todo o mundo-, intitulado "Superando o estigma da demência", revela que uma em cada quatro pessoas com demência (24%) e mais de um em cada dez cuidadores (11%) escondem ou ocultam o diagnóstico da doença, citando o estigma como o principal motivo.

O relatório foi divulgado por ocasião do Dia Mundial do Mal de Alzheimer, ontem.

Além disso, 40% das pessoas com demência relatam que não são incluídas no dia a dia de sua família. Segundo o relatório, as pessoas com demência e seus cuidadores se sentem marginalizados pela sociedade, e algumas vezes pelos próprios amigos e membros da família.

A associação internacional calcula ainda que o número de pessoas com demência tem aumentado rapidamente no mundo todo -um novo caso é descoberto a cada quatro segundos e a população com alzheimer crescerá de mais de 36 milhões em 2012 para 65,7 milhões em 2030 e mais de 115 milhões em 2050.

Os custos, incluindo gastos hospitalares e cuidados domésticos, medicamentos e visitas clínicas, devem subir cerca de 85% até 2030 a partir dos US$ 600 bilhões gastos em 2010.

O mal de Alzheimer é responsável por dois terços dos casos de demência e acomete uma a cada 200 pessoas. Descobrir uma cura nunca foi tão urgente, diante do crescimento e do envelhecimento da população.

Mas, como não há previsão de cura em um futuro próximo, o relatório afirma que a sociedade precisa investir mais em cuidados efetivos e iniciativas de apoio para que o cuidado de pessoas com demências não represente um ônus sem precedentes nos sistemas de saúde.

O documento reforça que o estigma pode ser a maior barreira para encontrar soluções para os problemas relacionados ao Alzheimer e outras demências, como taxas baixas de diagnóstico. Por isso é essencial agir para acabar com mitos ligados à doença. Outro ponto-chave é encorajar as pessoas com demência a compartilharem suas experiências e assegurar que sejam incluídas nas atividades do dia a dia.

Avanços

O mal de Alzheimer costuma se tornar aparente por volta dos 70 anos, quando os membros da família começam a perceber que a pessoa vai se tornando esquecido e confuso.

A doença é particularmente difícil de decifrar não só porque seu efeito em humanos é quase impossível de replicar em animais de laboratório. Sua lenta progressão é um obstáculo a mais.

"A doença parece estar presente no cérebro das pessoas talvez 15 anos antes de manifestar sintomas. Quando os pacientes estão disponíveis para estudo em testes clínicos, na verdade estamos olhando para uma doença que está se desenvolvendo há 15 anos", em cujo estágio os neurônios já teriam morrido, afirmou Eric Karran, diretor de pesquisas da Alzheimer's Research UK, principal organização do Reino Unido especializada em prevenir, tratar e buscar a cura para a doença.

Os cientistas buscam um tratamento que detenha a doença em seu estágio inicial, mesmo antes do aparecimento dos sintomas. Embora não tenham obtido sucesso, seus trabalhos lançam algumas pistas valiosas pelo caminho.

Já se sabe que um pequeno percentual de pessoas, com mais frequência mulheres do que homens, é geneticamente predisposto a desenvolver o mal de Alzheimer. Portanto, possuir um histórico familiar da doença aumenta os riscos.

Alguns estudos sugerem que ter um estilo de vida saudável reduz os riscos para as pessoas que não possuem genes relacionados com o desenvolvimento do Alzheimer.

Os diagnósticos também são proveitosos: novas pesquisas demonstram que um simples teste conhecido como 'eye-tracking' (técnica que permite, examinando o movimento ocular, verificar para onde o indivíduo está olhando) e a interrupção do sono podem ser indícios precoces, e ajudariam os afetados a fazer escolhas de estilo de vida antes que a doença avance.

Os especialistas acreditam que se governos, pesquisadores e empresas farmacêuticas trabalharem juntos de forma eficiente, um tratamento poderia estar disponível dentro de 20 anos, mas também alertaram para o risco de dar falsas esperanças a pessoas desesperadas.

Hoje, alguns medicamentos do nosso arsenal tratam alguns sintomas, mas são impotentes em evitar a progressão da doença.

"Encontrar um remédio para uma doença crônica é muito, muito mais complicado do que, digamos, colocar o homem na Lua", disse Karran. 

FolhaPress

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