Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que defende Jefferson, no STF - Foto: Nathalia Passarinho/G1 |
A possibilidade de os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)
arbitrarem uma pena menor para o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ) em
razão de ele ter delatado o esquema do mensalão não comoveu a defesa do
presidente licenciado do PTB. O advogado de Jefferson, Luiz Francisco
Corrêa Barbosa, diz que o dirigente petebista não quer benevolência da
corte.
“Não queremos clemência, queremos justiça”, disse o defensor ao G1,
criticando a condenação do ex-deputado, por maioria, pelo crime de
corrupção passiva.
Na última quinta (27), o ministro Luiz Fux sugeriu durante seu voto
sobre o item 6 da denúncia, que trata da suposta corrupção por parte de
partidos da base aliada do governo Lula (2003-2010), que a corte
discuta a redução da punição de Jefferson.
Alegando que o petebista teve um papel diferenciado para descortinar
as irregularidades, o magistrado defendeu um eventual benefício na
definição da pena do delator do mensalão. Condenado por corrupção
passiva, Jefferson também está sendo julgado pelo crime de lavagem de
dinheiro. O Código Penal prevê reclusão de dois a 12 anos e de três a
10 anos, respectivamente, para esses delitos.
Corrêa Barbosa afirma que a condenação do cliente dele se deu por
conta de “equívocos” cometidos pelo relator da ação penal, ministro
Joaquim Barbosa. Segundo o advogado, o relator “confundiu” datas e
episódios relacionados aos réus ligados ao PTB.
O defensor revela que já está elaborando embargos declaratórios para
apresentar ao final do julgamento. Esse tipo de recurso não tem o poder
de reformular totalmente a decisão, mas sim de sanar contradições,
omissões, ambiguidades e obscuridades em sentenças e acórdãos.
“Ele (Barbosa) misturou as datas. Isso (os supostos equívocos) pode
ter induzido em erros os demais ministros. Vou ter de demonstrar isso
depois que o acórdão for publicado”, contou o advogado.
Mesmo com o cenário adverso, o defensor de Jefferson assegura ainda
confiar em uma reviravolta no julgamento que garanta a absolvição do
petebista. Até o momento, seis dos dez magistrados da corte entenderam
que o ex-deputado cometeu uma ilegalidade ao receber R$ 4 milhões do
“valerioduto” (suposto esquema operado por Marcos Valério para comprar
votos parlamentares).
Faltam se manifestar sobre o tema os ministros Dias Toffoli, Marco
Aurélio Mello, Celso de Mello e Carlos Ayres Britto. Os magistrados
irão votar na sessão extraordinária desta terça-feira (2).
Apesar de a corte já ter atingido o número mínimo de votos para
condená-lo, até a proclamação do resultado, ao final do julgamento, os
ministros ainda podem alterar seus votos. Jefferson também já recebeu
cinco votos pela condenação pelo crime de lavagem de dinheiro.
Sem arrependimentos
Corrêa Barbosa relata que, apesar da condenação parcial, Jefferson
não se arrepende de ter trazido à tona as supostas práticas criminosas
que teriam sido protagonizadas pela antiga cúpula do PT e por
integrantes da gestão Lula (veja vídeo ao lado). “Não há mudança no
tempo. Não podemos nos arrepender dos próprios passos”, enfatizou.
Na sexta (28), o delator do mensalão publicou em seu blog que não se
considerava “vitima de ninguém”. “A não ser de mim mesmo”, complementou
Jefferson no texto.
O autor da denúncia do suposto esquema de compra de votos no
Congresso em troca de apoio político também declarou na internet, em um
post intitulado “Dura lex, sed lex” (“a lei [é] dura, porém [é] a
lei”), que recebeu com “serenidade” a decisão dos magistrados.
Jornal Agora/MS
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