(Foto: Michael Melo) |
O primeiro debate entre os candidatos ao governo do Distrito Federal
na noite desta quarta (30) foi um ensaio de como se darão as próximas
disputas retóricas. Ensaio, porque o evento promovido pela Associação
Comercial do DF pecou pela falta de organização.
As falhas técnicas, no entanto, não impediram que os candidatos
mostrassem pela primeira vez suas armas durante uma batalha política
pela cadeira de governador.
E, tão quente quando o auditório lotado com 150 convidados, ficou o
clima entre os adversários quando surgiram as primeiras provocações.
O ex-governador José Roberto Arruda (PR) foi quem experimentou subir o
tom. Ele provocou o governador Agnelo Queiroz (PT) ao dizer que depois
de sua gestão “Brasília parou” e que no seu governo “havia comando”. O
ex-governador criticou a burocracia na administração petista. E Agnelo
retrucou: “Essa burocracia vem de governos anteriores”.
Estava lançada a primeira de muitas alfinetadas sobre temas como
Estádio Mané Garrincha, Vilas Olímpicas, transporte público, saúde e
segurança. Em um dos rounds mais disputados, Agnelo acertou Arruda. Em
uma pergunta direcionada a Rodrigo Rollemberg (PSB), o governador
lembrou os vídeos e a prisão de Arruda em 2010. Agnelo disse que o
oponente não deveria manter sua candidatura pois não tem ficha limpa.
Levantou a bola e Rodrigo cortou: “Esse é um avanço da nossa legislação
que deveria ser respeitado”.
Na sua vez de falar, Arruda contra-atacou os dois adversários.
Relembrou o episódio em que o policial João Dias despejou mais de 100
000 reais em espécie na sala ao lado de onde Agnelo despacha e disse que
era dinheiro de propina.
Em seguida, virou-se para Rollemberg e disse que era bom o candidato
tomar cuidado “com esse joguinho” porque ele tem como suplente de
senador Hélio Gambiarra a quem um dia o próprio Rollemberg havia
denunciado por pedofilia.
O clima esquentou. Agnelo rebateu Arruda, que pediu direito de
resposta. A organização concedeu, Agnelo se irritou e saiu da mesa,
alterado. “Direito de resposta só por eu ter olhado para ele, isso não é
sério”, vociferou o governador. Arruda aproveitou a deixa: “Apelou,
perdeu”.
Em outro momento quente, Toninho do PSol voltou à questão da
elegibilidade e disse que Arruda não deveria participar das eleições
porque não atendia aos princípios da ficha limpa. Também sofreu o
revide. “Já, eu, acho que a Maninha, que é ficha suja, tem o direito de
participar do pleito”. Toninho reagiu dizendo que o Tribunal a absolveu.
Maninha é mulher de Toninho e candidata a deputada.
Provocado por todos os candidatos, Arruda usou de ironia para reagir aos adversários. Pareceu tranquilo a maior parte do tempo.
Agnelo perdeu a paciência no final, mas respondeu às perguntas, na maior parte das vezes, sem se enrolar.
Rollemberg fez um estilo mais propositivo. Citou ideias para o
futuro e evitou fazer críticas mais duras aos concorrentes, à exceção de
quando afirmou que não cometeria a irresponsabilidade de dizer que, se
eleito governador, seria secretário de Saúde e resolveria os problemas
do setor em seis meses. Referia-se a Agnelo. Risos na plateia.
Pitiman preocupou-se em se apresentar. Nas considerações finais,
quando o clima estava pegando fogo, ele esfriou geral. “Sou casado com
uma cearense, tenho três filhos maravilhosos…”.
Embora o assunto pesquisa de intenção de voto não tenha sido em
nenhum momento citado publicamente pelos candidatos, ficou claro que os
números divulgados naquela tarde pelo Ibope alteraram o humor dos
concorrentes. Arruda, com seus 32% de preferência, estava faceiro.
Agnelo e seus 46% de rejeição parecia um pouco preocupado.
O melhor resumo sobre o primeiro debate entre os candidatos ao GDF
ficou por conta do advogado de Agnelo, Luís Carlos Alcoforado: “Não
estavam funcionando o cronômetro, o ar-condicionado e as ideias”.
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