Daniel Pereira
Dilma Rousseff: preocupação com a disputa entre petistas pelo poder
(André Duzek/Estadão Conteúdo)
Dilma Rousseff lidera as pesquisas de intenção de voto, conta com o
apoio do cabo eleitoral mais popular do país, terá o dobro do tempo de
seus principais rivais na propaganda eleitoral e usufruirá, até o dia da
votação, vantagens competitivas que só a caneta presidencial
proporciona — do anúncio de ações oficiais ao protagonismo em reuniões
entre chefes de Estado, como as realizadas na semana passada em Brasília
e Fortaleza. Em situações normais, tais credenciais favoreceriam a
harmonia entre os coordenadores da campanha. Essa é a regra. Mas a
regra, como se sabe, nem sempre vale para o PT. Depois da guerra interna
em torno do movimento “Volta, Lula”, aliados do ex-presidente e
assessores de Dilma disputam agora o comando da chapa à reeleição. Cada
tropa quer definir os rumos da campanha e, em caso de vitória nas urnas,
controlar as verbas e os cargos mais importantes da futura
administração. Em meio ao tiroteio, uma pesquisa mostrou o senador Aécio
Neves (PSDB), pela primeira vez, em situação de empate técnico com
Dilma num eventual segundo turno. É o prenúncio de mais fogo cruzado
pela frente.
“Corremos o risco de perder para os nossos próprios egos”, diz um dos
auxiliares da presidente. O comando eleitoral de Dilma conta com sete
pessoas. É tal o grau de disputa entre elas que houve uma tentativa de
parte desse grupo de expulsar o ex-ministro Franklin Martins da
campanha. Responsáveis pela relação com a imprensa e pela atuação na
internet, Martins e seus subordinados publicaram críticas pesadas à
Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e ao presidente da entidade,
logo depois da eliminação do Brasil na Copa, num site de apoio a Dilma. A
iniciativa foi considerada agressiva demais e incompatível com a
postura esperada de um presidente da República por outros coordenadores
da campanha. Eles exigiram da equipe de Martins que retirasse o texto do
ar. Como o ex-ministro resistiu, Dilma foi acionada e determinou a
realização de uma reunião para pacificar os ânimos de seus generais. O
encontro ocorreu na segunda-feira, mas a paz selada foi apenas aparente.
A tensão continua no ar, assim como — por incrível que pareça — a
mensagem veiculada na internet que provocou toda a confusão. “O Franklin
Martins se acha maior do que todo mundo”, reclama um dos coordenadores
de Dilma.
Revista VEJA
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