Quem
acompanhou a reta final do governo petista de Cristovam Buarque ainda
deve ter frescas na memória as cenas de máquinas e operários trabalhando
febrilmente para recapear o asfalto das principais vias do Distrito
Federal, em uma tentativa desesperada de maquiar, no último minuto do
segundo tempo, o descaso e a incompetência que foram a principal marca
do mandato do agora senador pelo PDT-DF.
A manobra falhou, o PT foi apeado do poder e permaneceu por um longo
período longe do Palácio do Buriti. Poderia ter aproveitado a
temporada no ostracismo para fazer uma autocrítica e evitar que, algum
dia de volta ao governo, viesse a cometer os mesmos erros. Mas não foi o
que aconteceu.
Década e meia depois, um governo do PT, desta vez chefiado por Agnelo
Queiroz, tenta reeditar a mesmíssima tentativa de tapeação que vitimou
os brasilienses durante a primeira passagem do partido pelo GDF.
Segundo o governo, somente na área central de Brasília serão
investidos aproximadamente R$154 milhões com a recapeação do asfalto. E
até 2014, 6 mil quilômetros da malha viária do DF, que tem o total de
11,7 mil, serão reconstruídos, no que seria, segundo o GDF, ”não uma
simples operação tapa-buraco, mas uma recuperação completa do asfalto no
DF.”
Pura lorota. Tanto quinze anos atrás quanto agora, o recapeamento
está sendo feito sem um mínimo de critério e sem que as pistas passem
pelo procedimento de fresagem (remoção parcial da camada de asfalto
antiga).
O
resultado dessa irresponsabilidade está bem visível no Eixo Monumental
(foto) onde, ao simplesmente sobrepor mais uma camada de asfalto à
camada pré-existente, sem removê-la, a pista ficou exatamente da mesma
altura do meio-fio. De recapeamento em recapeamento, em certos trechos
- alguns a poucos metros do Palácio do Buriti – o meio-fio desapareceu
por completo e já não é mais possível saber o que é pista e o que é
calçada. As bocas-de-lobo e as tampas dos bueiros, por sua vez, ficaram
vários centímetros abaixo do nível da via, transformando-se em
armadilhas perigosas para os motoristas que nela trafegam.
Ao deixar de fazer a fresagem, e sair recapeando indiscriminadamente
até mesmo trechos com asfalto em boas condições, o governo Agnelo
permite que sejam gastos mais tempo e material, o que encarece as obras –
para alegria das empreiteiras e infortúnio dos contribuintes.
Será que os governantes petistas insistem em cometer os mesmos erros
por desleixo, incompetência, má-fé ou tudo isso junto e misturado?
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