O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa,
afirmou nesta quarta-feira (19), após o encerramento da última sessão do
tribunal do ano, que “vai examinar” o pedido de prisão imediata aos
condenados no processo do mensalão.
Ao ser informado de que Gurgel poderia apresentar ainda nesta semana
o pedido, ele afirmou: “Eu vou examinar, vou ver.” Sobre se a decisão
sairia também nesta semana, disse que “se [o pedido] for muito longo,
não”. “Se for curtinho, talvez.”
Perguntado, então, sobre se teria urgência para as prisões, ele disse:
“Não, o critério é haver fundamento para o pedido, vamos ver o que ele
vai alegar. [...] Eu não sei, vou aguardar, eu não sei o que vem, qual
vai ser o conteúdo do pedido dele. Eu não sabia que teria esse pedido
agora, vejam, vocês estão me dando essa notícia.”
O presidente disse ainda que não colocou em discussão os pedidos dos
réus para que o plenário analisasse nesta quarta porque Roberto Gurgel,
autor original, retirou o pedido feito no início do julgamento.
Procurador pediu mais prazo para fundamentar.
“Veja bem, como o Supremo vai julgar algo se a pessoa que tinha requerido retirou o pedido?”
Barbosa informou que vai dividir o tempo de comando do tribunal no
recesso, que começa nesta quinta (20), com o vice-presidente, Ricardo
Lewandowski. “Eu devo dividir sim, fico até meados de janeiro, pelo
menos”, disse o presidente.
Joaquim Barbosa, que relatou o processo do mensalão, destacou que seu ano foi resumido em duas palavras: “cansaço e dor”.
“A ação penal 470 foi um desafio imenso. Chegamos ao final, mas
confesso que durante esses sete anos tive lá minhas dúvidas se
conseguiríamos ou não, mas graças a Deus, deu tudo certo, concluímos
essa etapa decisiva, crucial, e agora é chegado o momento de descanso,
para quem pode descansar. Eu mesmo vou ficar por aqui”, disse.
Última sessão
Na pauta da última sessão do ano estava três processos, sendo que todos tratavam sobre o poder de investigação do Ministério Público.
Na pauta da última sessão do ano estava três processos, sendo que todos tratavam sobre o poder de investigação do Ministério Público.
O primeiro era um habeas corpus impetrado por Sérgio Gomes da Silva, o
Sombra, acusado de matar o ex-prefeito de Santo André Celso Daniel.
Sombra argumentou que não o MP fez irregularmente investigações sobre o
seu caso e pediu a anulação de sua prisão e seu processo, que corre na
Justiça paulista.
O ministro Ricardo Lewandowski pediu vista, mais tempo para analisar o
processo. “Se os colegas não se opuserem, peço vista antecipada. [...]
No sentido de que não se encontram presentes os requisitos do artigo
312”, disse, em relação ao artigo 312 do Código de Processo Penal, que
estabelece urgência para pedidos de prisão.
Havia um outro recurso sobre o poder de investigação do MP, um recurso
relacionado a processo que corre em Minas Gerais. Esse processo foi
iniciado pelo voto do ministro Luiz Fux, que entendeu que o MP pode
investigar, desde que fundamente. O ministro Marco Aurélio, então, pediu
vista.
“Tramita no Congresso a PEC visando elucidar essa controvérsia e quer
queiramos ou não há um pseudo descompasso entre Judiciário e Congresso.
Um primeiro sobre a cassação e o segundo na liminar dos royalties. Penso
que para elucidarmos com certa segurança controvérsia deveríamos atuar
com os colegas presentes”, disse Marco Aurélio, pedindo que fossem
aguardados os ministros que faltaram, como Celso de Mello. Joaquim
Barbosa disse que não precisaria ter mais magistrados presentes.
Nesse momento, o ministro Marco Aurélio pediu que se consignasse em ata
a divergência, e Barbosa disse: “Fica registrado o protesto do ministro
Marco Aurélio.” Marco Aurélio, ressaltou, então, que era apenas um
“ponto de vista”. E Barbosa disse, encerrando a questão: “Registro
reiterado das questões torna-se protesto.”
O terceiro e último processo da pauta, uma Ação Direita de
Inconstitucionalidade (ADI), não foi votada por falta de quórum
constitucional para analisar ações do tipo, que são oito magistrados.
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