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Sêneca

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Ordens religiosas estão desaparecendo na PB; Os sacerdotes Jesuítas saíram do Estado; Beneditinos e Franciscanos são raros.

Rizemberg Felipe
Azulejos ilustram passagens bíblicas e contam o surgimento dos Carmelitas
Tradicionais por estarem entre os primeiros povos a chegar ao Brasil, durante o período colonial, as ordens formadas por sacerdotes Jesuítas, Beneditinos, Carmelitas e Franciscanos foram de grande importância para a formação da Paraíba e da cidade de João Pessoa. No entanto, ao longo dos últimos 300 anos a presença desses religiosos vem diminuindo no Estado e as ordens regulares, formadas pelos sacerdotes, estão quase desaparecendo.

Além de deixar construções históricas, como os mosteiros e igrejas no estilo Barroco, foram esses religiosos que iniciaram atividades ligadas ao ensino e trouxeram a cultura europeia e a Língua Portuguesa para o Estado, segundo pesquisadores.

Os primeiros a deixar a Paraíba foram os Jesuítas, em 1760, conforme os registros históricos. Atualmente a Companhia de Jesus (Ordem dos Jesuítas) conta com apenas três padres. A Ordem dos Beneditinos também sofreu repressão por parte dos holandeses. Após idas e vindas, conseguiram ficar no Estado até meados de 1920, segundo explica o diretor do Centro Cultural de São Francisco e Mosteiro de São Bento, monsenhor Ednaldo Araújo.
“Com a saída dos holandeses da Paraíba, os prédios religiosos passaram a ser propriedade da Arquidiocese. Em 1999, cerca de três monges Beneditinos retornaram para a Paraíba e queriam retomar o Mosteiro, mas não deu certo e em 2002 eles voltaram para Olinda (PE) e a ordem se desligou do Estado”, explicou.

No caso dos Franciscanos e Carmelitas, os sacerdotes ainda atuam na Paraíba, embora estejam em número reduzido. São apenas quatro freis Franciscanos e sete Carmelitas. Os que pertencem ao primeiro grupo vivem na Província Franciscana de Santo Antônio no Brasil, que funciona em um convento no bairro de Jaguaribe, em João Pessoa. Mas, há 20 anos, o grupo era bem maior e quase o quíntuplo disso, segundo explicou um dos frades menores que vive no local, frei Anastácio Ribeiro.

“Quando chegou à Paraíba, a Ordem Franciscana fundou a Ordem dos Frades Menores e também dos Capuchinhos. Por várias décadas, tivemos muitas paróquias e no início da colonização, nossa atuação se deu com as missões. Um dos exemplos de missionário que colaborou muito foi o frei Martinho”, disse frei Anastácio, alegando ainda que o pequeno número de religiosos franciscanos hoje se deve à falta de vocação para atuar em paróquias, como aconteceu nas décadas passadas.

Já os Carmelitas vivem em um convento no bairro do Róger, também na capital. Porém, antes dessa instalação, os religiosos passaram 100 anos sem atuação na Paraíba, de 1909 até 2009.
“Ficamos 100 anos sem a presença dos frades da Ordem Primeira na Paraíba, e a Ordem Terceira do Carmo sustentou toda essa espiritualidade. Até que os frades voltaram com uma ajuda da Ordem Terceira”, explicou o prior da Ordem Terceira do Carmo (OTC), Marcos Cavalcanti de Albuquerque, que é presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB).

RELIGIOSOS TINHAM A MISSÃO DE CATEQUIZAR
O professor de História e especialista em História da Paraíba Wanderson Alberto da Silva relata que os primeiros religiosos chegavam ao Estado em grupos de 40 a 50 pessoas, com a missão de catequização. No caso dos Jesuítas, o professor lembra que o maior legado deixado pelos padres da Companhia de Jesus foram as escolas, sendo um dos prédios a estrutura onde funciona hoje o Palácio da Redenção, no Centro.

“O marco zero do Estado foi a igreja de Nossa Senhora das Neves, a primeira da Paraíba, construída pelos Jesuítas, no interior do prédio onde hoje funciona uma faculdade particular, próximo à Catedral Basílica. Até que em 1760 eles foram expulsos e os franciscanos ficaram à frente da catequese. A presença desses e de outros religiosos foi diminuindo na Paraíba, ao longo dos séculos, por vários motivos, o principal deles foi o crescimento do protestantismo, como aconteceu em todo o mundo. Com isso, as ações dos católicos começaram a ficar desacreditadas, inclusive o trabalho de catequese, que incluía também o ensino”, explicou.

Aos Franciscanos é devida a gratidão pela riqueza arquitetônica deixada na capital, entre elas a igreja de São Francisco, considerada uma das mais lindas do mundo. De acordo com o professor Wanderson da Silva, essa ordem religiosa deu continuidade ao trabalho de catequização e também do ensino às pessoas de classe social mais alta da época.

“Todas essas ordens religiosas influenciaram na nossa cultura, pois trouxeram costumes europeus e a Língua Portuguesa, porque aqui os nativos falavam a língua Tupi. Com o passar dos anos, os Franciscanos se isolaram e passaram a viver nos conventos. Ao contrário de antes, quando estavam mais próximos ao poder. Hoje, eles estão mais voltados para as questões populares e a ajudar as pessoas”, acrescentou.

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