Tradicionais por estarem entre os primeiros povos a chegar ao Brasil,
durante o período colonial, as ordens formadas por sacerdotes Jesuítas,
Beneditinos, Carmelitas e Franciscanos foram de grande importância para a
formação da Paraíba e da cidade de João Pessoa. No entanto, ao longo
dos últimos 300 anos a presença desses religiosos vem diminuindo no
Estado e as ordens regulares, formadas pelos sacerdotes, estão quase
desaparecendo.
Além de deixar construções históricas, como os mosteiros e igrejas no
estilo Barroco, foram esses religiosos que iniciaram atividades ligadas
ao ensino e trouxeram a cultura europeia e a Língua Portuguesa para o
Estado, segundo pesquisadores.
Os primeiros a deixar a Paraíba foram os Jesuítas, em 1760, conforme
os registros históricos. Atualmente a Companhia de Jesus (Ordem dos
Jesuítas) conta com apenas três padres. A Ordem dos Beneditinos também
sofreu repressão por parte dos holandeses. Após idas e vindas,
conseguiram ficar no Estado até meados de 1920, segundo explica o
diretor do Centro Cultural de São Francisco e Mosteiro de São Bento,
monsenhor Ednaldo Araújo.
“Com a saída dos holandeses da Paraíba, os prédios religiosos
passaram a ser propriedade da Arquidiocese. Em 1999, cerca de três
monges Beneditinos retornaram para a Paraíba e queriam retomar o
Mosteiro, mas não deu certo e em 2002 eles voltaram para Olinda (PE) e a
ordem se desligou do Estado”, explicou.
No caso dos Franciscanos e Carmelitas, os sacerdotes ainda atuam na
Paraíba, embora estejam em número reduzido. São apenas quatro freis
Franciscanos e sete Carmelitas. Os que pertencem ao primeiro grupo vivem
na Província Franciscana de Santo Antônio no Brasil, que funciona em um
convento no bairro de Jaguaribe, em João Pessoa. Mas, há 20 anos, o
grupo era bem maior e quase o quíntuplo disso, segundo explicou um dos
frades menores que vive no local, frei Anastácio Ribeiro.
“Quando chegou à Paraíba, a Ordem Franciscana fundou a Ordem dos
Frades Menores e também dos Capuchinhos. Por várias décadas, tivemos
muitas paróquias e no início da colonização, nossa atuação se deu com as
missões. Um dos exemplos de missionário que colaborou muito foi o frei
Martinho”, disse frei Anastácio, alegando ainda que o pequeno número de
religiosos franciscanos hoje se deve à falta de vocação para atuar em
paróquias, como aconteceu nas décadas passadas.
Já os Carmelitas vivem em um convento no bairro do Róger, também na
capital. Porém, antes dessa instalação, os religiosos passaram 100 anos
sem atuação na Paraíba, de 1909 até 2009.
“Ficamos 100 anos sem a presença dos frades da Ordem Primeira na Paraíba, e a Ordem Terceira do Carmo sustentou toda essa espiritualidade. Até que os frades voltaram com uma ajuda da Ordem Terceira”, explicou o prior da Ordem Terceira do Carmo (OTC), Marcos Cavalcanti de Albuquerque, que é presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB).
“Ficamos 100 anos sem a presença dos frades da Ordem Primeira na Paraíba, e a Ordem Terceira do Carmo sustentou toda essa espiritualidade. Até que os frades voltaram com uma ajuda da Ordem Terceira”, explicou o prior da Ordem Terceira do Carmo (OTC), Marcos Cavalcanti de Albuquerque, que é presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB).
RELIGIOSOS TINHAM A MISSÃO DE CATEQUIZAR
O professor de História e especialista em História da Paraíba
Wanderson Alberto da Silva relata que os primeiros religiosos chegavam
ao Estado em grupos de 40 a 50 pessoas, com a missão de catequização.
No caso dos Jesuítas, o professor lembra que o maior legado deixado
pelos padres da Companhia de Jesus foram as escolas, sendo um dos
prédios a estrutura onde funciona hoje o Palácio da Redenção, no
Centro.
“O marco zero do Estado foi a igreja de Nossa Senhora das Neves, a
primeira da Paraíba, construída pelos Jesuítas, no interior do prédio
onde hoje funciona uma faculdade particular, próximo à Catedral
Basílica. Até que em 1760 eles foram expulsos e os franciscanos ficaram à
frente da catequese. A presença desses e de outros religiosos foi
diminuindo na Paraíba, ao longo dos séculos, por vários motivos, o
principal deles foi o crescimento do protestantismo, como aconteceu em
todo o mundo. Com isso, as ações dos católicos começaram a ficar
desacreditadas, inclusive o trabalho de catequese, que incluía também o
ensino”, explicou.
Aos Franciscanos é devida a gratidão pela riqueza arquitetônica
deixada na capital, entre elas a igreja de São Francisco, considerada
uma das mais lindas do mundo. De acordo com o professor Wanderson da
Silva, essa ordem religiosa deu continuidade ao trabalho de catequização
e também do ensino às pessoas de classe social mais alta da época.
“Todas essas ordens religiosas influenciaram na nossa cultura, pois
trouxeram costumes europeus e a Língua Portuguesa, porque aqui os
nativos falavam a língua Tupi. Com o passar dos anos, os Franciscanos se
isolaram e passaram a viver nos conventos. Ao contrário de antes,
quando estavam mais próximos ao poder. Hoje, eles estão mais voltados
para as questões populares e a ajudar as pessoas”, acrescentou.
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