A turbulência que ameaçava jogar para lados opostos o governador Ricardo
Coutinho (PSB) e o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) está se dissipando.
Interlocutores dos dois lados, que agiram como bombeiros nas últimas
horas, garantem que um acordo para a renovação da aliança vitoriosa em
2010 está prestes a ser firmada.
O quadro que se desenha vem com cores suaves pintadas pelo empresário
Renato Cunha Lima, tio de Cássio. Ele transita com desenvoltura nos
corredores do Palácio da Redenção e no ninho tucano. Faltam pequenos
ajustes para a paz ser selada, avisa.
O entendimento ficou mais fácil com a decisão do senador mineiro
Aécio Neves, presidenciável do PSDB, de entregar a Cássio a coordenação
da campanha ao Planalto em todo o Nordeste. A medida, teoricamente,
fortalece o senador paraibano, mas ao mesmo tempo passa a consumir muito
do seu tempo para subir em palanques contra Ricardo.
Outro aspecto que vem sendo considerado é que um entendimento de PSDB
e PSB na Paraíba pode facilitar uma aliança no segundo turno entre
Eduardo Campos e Aécio Neves contra a presidente Dilma Rousseff.
Para a retomada das negociações, políticos próximos ao governador
Ricardo Coutinho recorreram inversamente ao historiador Charles
Tocqueville, que viveu na França na primeira metade do Século XIX.
- O caminho é esse. Tocqueville dizia que mais que as ideias, são os
interesses que afastam as pessoas. Vamos mostrar o contrário. Aqui,
acima de tudo, está o interesse do povo da Paraíba, enfatizou Renato
Cunha Lima ao abraçar a tese levantada pelos partidários do governador.
O pensamento geral é o de que urge desfazer a ideia de que em
política, a comunhão de ódios é quase sempre a base das amizades. “Ou a
gente renova a coligação, ou o ‘outro lado’ elege seu candidato”,
advertiu um interlocutor de Ricardo Coutinho.
O ‘outro lado’ é representado pelo grupo de Zé Maranhão e Vital do
Rego, do PMDB, que pode lançar Veneziano, ex-prefeito de Campina Grande,
ao governo. São tradicionais adversários da família Cunha Lima,
fortalecida há alguns anos com a chegada de Ricardo Coutinho pelas mãos
do próprio Cássio.
A expectativa, porém, é a de que o PMDB marche com uma ou mais
fileiras distintas em outubro. Um exemplo foi dado na semana passada em
Guarabira, no interior do Estado, quando um grupo de prefeitos
peemedebistas manifestou publicamente apoio a Ricardo Coutinho.
Não bastasse isso, se o PT de Luciano Cartaxo, prefeito de João
Pessoa, não acatar a orientação de Brasília e pavimentar o próprio
caminho, rompendo a aliança nacional, a reeleição de Ricardo Coutinho
terá o sabor de mamão com açúcar. Desde, claro, que os prognósticos de
uma composição com Cássio Cunha Lima estejam corretos.
José Seabra, Sucursal em João Pessoa
Do site Notibras, Brasília/DF
www.notibras.com.br
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