Michelle Farias Francisco Fança
“A
partir de agora eu passo a admitir a possibilidade da minha candidatura
ao governo do Estado”. O pronunciamento do senador Cássio Cunha Lima
(PSDB), ocorrido na manhã de ontem, reforça a tese defendida por alguns
tucanos de um possível rompimento da aliança entre o seu partido e o
PSB, do governador Ricardo Coutinho.
A oficialização do rompimento e o anúncio da candidatura própria devem
acontecer entre 20 e 30 dias, quando será concluída uma consulta com os
filiados do partido e com a população paraibana. Por enquanto, a
Executiva estadual foi unânime ao recomendar que os filiados entreguem
os cargos que ocupam na gestão do governador Ricardo Coutinho (PSB),
seja no primeiro ou segundo escalão.
“Chegou a hora, depois de todas as manifestações apresentadas nos
últimos meses, pesquisas de opinião, chegou o momento de ouvir o povo da
Paraíba, que tem a soberania do voto e que pode impor a sua vontade”,
frisou Cássio Cunha Lima. A consulta terá início após o Carnaval e vai
acontecer através de pesquisas e reuniões nos diretórios regionais do
partido, com base em um calendário que será estabelecido posteriormente.
Para enfatizar que o posicionamento por candidatura própria será
anunciado somente após consulta popular, o senador citou seu pai, o
ex-governador Ronaldo Cunha Lima, que se utilizou da mesma estratégia
para disputar o governo do Estado através da decisão da população. A
deliberação para que os filiados deixem os cargos que ocupam no governo
do Estado tem a intenção de deixar o PSDB mais 'à vontade' para realizar
as consultas.
“Em 2010, fizemos a aliança com o PSB em cima de uma carta compromisso,
de intenções. Eu não tinha uma convivência prévia com o governador
Ricardo Coutinho. Três anos e três meses, praticamente, do início do
mandato, não se apontará uma só manifestação da minha parte, um único
gesto que não tenha sido de contribuição, para que o governo pudesse ter
bons resultados”, avaliou Cássio. Sobre sua elegibilidade, com base na
Lei da Ficha Limpa, o senador Cássio Cunha Lima adiantou que ao admitir
sua candidatura, também admite sua elegibilidade. “A consulta do TSE
(Tribunal Superior Eleitoral) pode ser feita, não vejo problemas nisso”,
disse Cássio.
PESQUISAS SÃO FAVORÁVEIS AO TUCANO
O
presidente do diretório estadual do partido, deputado federal Ruy
Carneiro, reforçou que a intenção do diretório é lançar candidatura
própria ao governo do Estado. Segundo ele, as pesquisas de intenção de
votos, realizadas pelo PSDB, indicam a liderança do senador Cássio Cunha
Lima na disputa ao governo do Estado. “Se eu decidisse sozinho pelo
partido, Cássio já era candidato há muito tempo”, destacou Ruy Carneiro.
O deputado federal ainda afirmou que as declarações de opositores de que
Cássio Cunha Lima estaria inelegível anima os filiados e não deve ser
obstáculo para que seja anunciada a candidatura própria do partido. “Eu
digo sempre: eles tocaram nesse assunto em 2010 e Cássio é senador da
Paraíba”, disse Ruy.
Em relação à entrega dos cargos atualmente ocupados por filiados do PSDB
no governo do Estado, Ruy Carneiro afirmou que apenas o secretário de
Estado do Planejamento e Gestão, Gustavo Nogueira, filiado ao partido,
ocupa cargo no primeiro escalão do governo do Estado. Segundo ele, a
partir da entrega dos cargos poderá ser conhecido o espaço que o PSDB
ocupa na gestão do governador Ricardo Coutinho.
Ruy não vê motivo de preocupação para o fato de que o governador Ricardo
Coutinho está recebendo apoios de prefeitos de várias regiões do
Estado. Ele lembrou que na eleição de 2010, José Maranhão tinha o maior
número de prefeitos apoiando sua candidatura e perdeu a disputa para
Ricardo Coutinho. “Quem ganha eleição, se for o caso de alguma disputa, é
o povo. Não é necessariamente quem tem mais prefeitos, senão não
precisava ter eleição. Na eleição passada, por exemplo, Maranhão tinha
mais prefeitos que Ricardo e perdeu”.
JornaldaParaiba
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