A norma da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do governo
de São Paulo que proíbe policiais de socorrerem vítimas de crimes ou
pessoas envolvidas em confrontos com a polícia é considerada um avanço
pelo diretor do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de São
Paulo, Luiz Carlos Wilke.
"A norma é adequada, até mesmo porque significa uma evolução. Toda
cidade vai se adequando e melhorando seu sistema de emergência até que,
em um determinado momento, os únicos a fazerem esse tipo de atendimento
pré-hospitalar é o serviço de emergência, como é o caso do Samu",
avaliou. O diretor garantiu que o atendimento do Samu cumpre o
tempo-padrão internacional de dez minutos para chegar às ocorrências
graves.
A resolução foi publicada hoje (8) na página 5, caderno 1, do Diário Oficial do Estado.
A norma determina que apenas unidades médicas e paramédicas de
emergência, como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu),
poderão atuar no atendimento a vítimas resultantes de lesões corporais
graves, homicídio, tentativa de homicídio, latrocínio e extorsão
mediante sequestro com morte.
Wilke discorda que a proibição do socorro pelas viaturas da polícia
represente um risco à integridade das vítimas. "Qualquer ferido grave é
muito melhor atendido por profissional treinado, com equipamentos. Antes
[com o socorro policial] a vítima não era atendida, e sim removida para
um hospital. Com o Samu intervindo, ela passa a ter o atendimento
inicial já no local", argumenta.
O diretor aponta que as ocorrências resultantes desses crimes
representam menos de 1% do total de 1,2 mil atendimentos diários feitos
pelo Samu em São Paulo. "Em muitos desses casos, o Samu já é chamado e
faz o socorro. São poucos os casos em que as viaturas transportam a
vítima para o hospital. Temos casos que impactam muito mais no sistema,
como os trotes, que representam 20% das ocorrências", relatou.
O serviço de resgate do Corpo de Bombeiros também não deve ser
afetado pela resolução da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São
Paulo, conforme explicou o capitão Renato de Natale Júnior, que responde
pelo setor de comunicação social da corporação. "Por ser uma resolução
recente, o comando ainda não tem uma posição específica, mas, do ponto
de vista operacional, nada deve mudar", declarou.
Assim como o Samu, os atendimentos apontados na resolução
representam um percentual mínimo na comparação com o total de
ocorrências. "O maior volume de ocorrências é de resgate, com quase 80%,
especialmente acidentes de trânsito. Incêndios aparecem em seguida e,
depois, as outras ocorrências, em número bem menor", explicou.
O capitão do Corpo de Bombeiros também acredita que é mais seguro
para as vítimas aguardar o serviço de emergência. "Socorrer bem nem
sempre é socorrer rápido. Existe todo um protocolo que pode salvar a
vida da vítima e que os socorristas estão preparados para fazer",
avaliou.
Agência Brasil
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